Trump aplica mais sanções a Caracas na véspera de abandonar o poder

O Governo norte-americano aplicou hoje novas sanções económicas a membros de uma suposta rede criminosa liderada pelo empresário colombiano Alex Saab, cujo objetivo era comercializar crude venezuelano sem as penalizações que Washington impôs à petrolífera estatal PDVSA.

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Lusa
19/01/2021 18:10 ‧ 19/01/2021 por Lusa

Mundo

Venezuela

 

A administração de Donald Trump, que deixa quarta-feira a Casa Branca, já tinha sancionado a suposta rede em junho de 2020 e decidiu hoje atualizar as sanções, impondo restrições económicas a três indivíduos, 14 entidades e seis embarcações, indicou o Departamento do Tesouro norte-americano num comunicado.

Segundo Washington, a rede criminosa foi dirigida pelo vice-Presidente para a Economia da Venezuela, Tareck El Asissami, e pelo Saab, suposto "testa de ferro" do Presidente venezuelano, Nicolas Maduro.

Saab está atualmente detido em Cabo Verde à espera de uma possível extradição para os Estados Unidos e é acusado de branqueamento de capitais.

"Os que facilitam as tentativas do regime ilegítimo de Maduro de contornar as sanções dos Estados Unidos contribuem para a corrupção que consome a Venezuela", afirmou, no comunicado, o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin.

Entre os visados pelas sanções está o italiano Alessandro Bazzoni, que, supostamente, se encarregava de fazer a ligação a outras duas empresas sancionadas pela administração Trump -- a Elemento, com sede em Malta e que foi comprada pela PDVSA, e a Swissoil, que se encarregava de transportar o crude venezuelano para o mercado asiático.

Segundo o Tesouro norte-americano, em junho de 2020, após a detenção de Saab em Cabo Verde, e das sanções impostas a Joaquin Leal, um empresário mexicano, Bazzoni ficou a coordenar as negociações para a revenda do petróleo de origem venezuelana da PDVSA, bem como o frete de embarcações para transportar o cruze.

Também sancionado foi o hispano-venezuelano Francisco Javier d'Agostino Casado, que trabalhou com Saab, Leal e Bazoni na coordenação da compra e venda do crude em nome da PDVSA.

O suíço Philip Vartan Apikian, proprietário e diretor da Swissoil, é o terceiro sancionado pelo Tesouro norte-americano, que o acusa de envolvimento na venda e transporte de petróleo venezuelano.

Como resultado das sanções impostas por Washington, o acesso a todas as propriedades e ativos que os três indivíduos ou empresas possam ter nos Estados Unidos ou estejam na posse de norte-americanos serão bloqueados, ficando também proibida qualquer transação com cidadãos deste país.

Desde que chegou à Casa Branca, em 2017, o Governo de Trump impôs numerosas séries de sanções económicas contra o executivo de Maduro, que considera "ilegítimo".

Os Estados Unidos têm sido um dos aliados mais importantes do líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, reconhecido em 2019 como Presidente interino da Venezuela por mais de meia centena de países.

O Governo de Caracas espera que a nova Administração do democrata Joe Biden, que assumirá quarta-feira a presidência dos Estados Unidos, possa ter "vislumbres de decência", cumprir o direito internacional e estabelecer "canais diplomáticos de diálogo respeitoso".

Aguarda-se para ver qual será a política de Biden em relação à Venezuela, uma vez que o próximo Presidente dos Estados Unidos aposta num enfoque mais pragmático e menos ideológico.

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