O projeto, que trará o gás russo para a Alemanha sob o Mar Báltico, enfrenta uma oposição norte-americana quer da parte dos republicanos, liderados pelo ex-Presidente Donald Trump, quer dos democratas, do novo Presidente, Joe Biden, empossado quarta-feira em Washington.
Washington, ainda sob a administração Trump, alega que o Nord Stream 2, projeto orçado em mais de 9.000 milhões de euros, vai aumentar a dependência dos europeus do gás russo e, assim, fortalecerá a influência de Moscovo.
Denunciadas pela União Europeia (UE), Alemanha e Rússia, as sanções incluem o congelamento de bens e a revogação de vistos dos Estados Unidos para contratantes ligados ao gasoduto.
O projeto associa principalmente a gigante russa Gazprom a cinco grupos europeus: a francesa Engie, as alemãs Uniper e Wintershall, a austríaca OMV e a anglo-holandesa Shell.
O Nord Stream 2 é pertença da petrolífera estatal russa Gazprom, que conta com o investimento de várias empresas europeias.
A construção do gasoduto foi suspensa em dezembro de 2019, quando uma empresa suíça retirou os seus navios do projeto face às ameaças de sanções por parte dos Estados Unidos, o que obrigou a Gazprom a tentar suprimir a falta com os seus próprios recursos.
Merkel tem consistentemente apoiado o projeto.
"A minha atitude não mudou ao ponto de afirmar que o projeto deveria ser suspenso. Vamos, claro, falar com a nova administração norte-americana. Temos também de conversar sobre quais as relações económicas com a Rússia que são aceitáveis ou não", afirmou hoje a chanceler alemã.
A Gazprom indicou recentemente que falta concluir cerca de 6% do gasoduto, ou cerca de 150 quilómetros, insistindo na intenção de completar rapidamente o projeto, sabendo, embora, que as obras poderão ser suspensas ou caneladas.
"Há simplesmente uma sobreposição política muito mais ampla com o Presidente Biden" do que com Trump, sublinhou Merkel, lembrando as primeiras ações no novo chefe de Estado norte-americano, como os regressos dos Estados Unidos ao Acordo de Paris sobre o Clima e à Organização Mundial da Saúde (OMS).
"[As conversas com os Estados Unidos] não vão ser fáceis nem suaves. Também irão existir diferenças de opinião com a administração Biden", admitiu.
Leia Também: Alemanha disposta a ajudar Rússia no desenvolvimento da vacina SputnikV