EUA quer avaliar cumprimento por talibãs de acordo no Afeganistão

O novo Conselheiro de Segurança Nacional da Presidência norte-americana, Jake Sullivan, comunicou ao Governo do Afeganistão a intenção de avaliar o cumprimento pelos radicais islâmicos talibã do acordo de paz de 2020.

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Lusa
22/01/2021 23:58 ‧ 22/01/2021 por Lusa

Mundo

EUA

A intenção de reavaliar o acordo de paz assinado em Doha em fevereiro de 2020 foi expressa hoje por Sullivan durante uma conversa telefónica com Hamdullah Mohib, seu homólogo afegão, segundo comunicado do seu gabinete.

O conselheiro da administração Biden "indicou claramente a intenção dos Estados Unidos de reexaminar o acordo (...) com os talibãs, e em particular avaliar se os talibãs respeitam os seus compromissos de cortar todas as ligações a grupos terroristas, de reduzir a violência no Afeganistão e de levar a cabo negociações sérias com o Governo afegão e outros atores".

O acordo, refere comunicado assinado pela porta-voz Emily Horne, é "uma ocasião histórica para a paz e a estabilidade" no Afeganistão.

O acordo concluído pelo ex-secretário de Estado Mike Pompeo, que abriu caminho à retirada das tropas norte-americanas de território afegão até meados de 2021, seguiu-se a 19 anos de conflito, assumindo os talibãs o compromisso de não permitir a atuação de grupos terroristas em zonas sob seu controlo. 

Prevê ainda negociações de paz diretas entre os talibãs e o Governo de Cabul, que tiveram início em setembro de 2020, até agora sem resultados concretos quanto a uma redução da violência.

Na terça-feira, em audiência de confirmação no Senado, o secretário de Estado indigitado por Biden, Antony Blinken, já havia considerado necessário avaliar o cumprimento do acordo, apontando como indispensável preservar os avanços em termos de direitos das mulheres e crianças, a que os talibãs se têm vindo a opor nas zonas sob seu controlo.

Esta semana, duas juízas do Supremo Tribunal do Afeganistão foram mortas a tiro em Cabul, na capital, palco de vários atentados nos últimos meses.

Os assassínios seletivos de jornalistas, políticos e defensores dos direitos humanos são cada vez mais frequentes no país, com Cabul e várias províncias a registarem um aumento da violência nos últimos meses.

As autoridades afegãs e Washington atribuíram estes ataques aos talibãs, apesar de o grupo extremista Estado Islâmico ter reivindicado alguns atentados.

A 10 de janeiro, um antigo jornalista afegão que era porta-voz da Força de Proteção Pública Afegã (APPF) morreu em Cabul, juntamente com dois colegas, na explosão de uma bomba colocada na berma da estrada.

Em 07 de janeiro, pelo menos 23 civis e membros das forças de segurança morreram em diferentes ataques no Afeganistão.

Há vários meses que a capital e diferentes províncias afegãs são palco de um recrudescimento da violência, apesar das negociações de paz entre os talibãs e o Governo afegão a decorrer em Doha, desde setembro.

Este mês, o número de tropas norte-americanas em território afegão desceu para 2.500, o nível mais baixo desde 2001.

A situação no Afeganistão foi também discutida em conversa telefónica entre o novo secretário da Defesa, Lloyd Austin, e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, segundo comunicado do Pentágono.

 

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