"O mais importante neste processo é amedrontar uma quantidade enorme de pessoas. Prenderam-me para fazer medo a milhões de outros", proclamou o opositor, que poderá ser condenado entre dois anos e meio e três anos e meio de prisão por ter violado, segundo as autoridades, os termos do seu controlo judiciário.
"Isto não é uma demonstração de força, mas sim de debilidade. Não se podem prender centenas de milhares, ou milhões de pessoas, é impossível", afirmou.
"Quando se aperceberem, e esse momento chegará, não podereis prender todo o país", insistiu.
O opositor voltou a acusar o Presidente russo de ter ordenado o seu envenenamento com um agente neurotóxico do tipo Novitchok em agosto de 2020.
Vladimir Putin "passará à história como o envenenador de 'slipes'", invetivou, numa alusão à forma como terá sido envenenado.
"Demonstrámos e provámos que Putin, via o FSB [os serviços de informações], cometeu uma tentativa de assassinato e que não sou a única [vítima]. Muitos também o sabem, outros vão sabê-lo, e isso enlouquece este pequeno ser no seu 'bunker'", disse.
Segundo Navalny, o veneno que pretendia eliminá-lo foi colocado na sua roupa, quando se encontrava num hotel durante uma viagem à cidade siberiana de Tomsk.
Navalny assegurou ter ficado demonstrado que "Putin cometeu essa tentativa de assassinato". "Sabem, hoje um tal Alexandre (II), o Libertador, e um tal Yaroslav, o Sábio, e nós temos Vladimir, o Envenenador".
O opositor sublinhou que "todos se convenceram que ele [Putin] era um simples funcionário, que foi posto no cargo por casualidade. Nunca participou num debate. O seu único meio de luta é o assassinato".
Navalny, que foi detido em 17 de janeiro no seu regresso da Alemanha, onde se encontrava em convalescença, exigiu ainda a sua libertação imediata e de todos os detidos.
"A minha vida vale três cêntimos. Mas vou fazer todo o possível para que a lei prevaleça e saúdo todas as pessoas honestas que não têm medo de sair às ruas em todo o país", assinalou.
Mais de 230 pessoas foram detidas hoje nas imediações do Tribunal da capital russa, onde foram estabelecidas estritas medidas de segurança.
O Kremlin rejeitou todas as críticas ocidentais à detenção de Navalny e o desproporcionado uso da força pela contra polícia contra os protestos de 23 e 31 de janeiro em apoio ao opositor, onde foram detidas ou identificadas cerca de 10.000 pessoas.
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