"Estou atualmente detido e possivelmente acusado de algo. Não sei o que poderá ser", disse Sean Turnell, professor da Universidade Macquarie na Austrália, de 75 anos.
Esta é a primeira detenção conhecida de um cidadão estrangeiro desde o golpe militar de segunda-feira.
Entretanto, vários milhares de birmaneses manifestaram-se hoje em Rangum, o maior comício desde o golpe contra Aung San Suu Kyi, enquanto os generais golpistas censuram a Internet e continuam as detenções.
Na segunda-feira, o exército prendeu a chefe do Governo civil de Myanmar, Aung San Suu Kyi, o Presidente Win Myint e vários ministros e dirigentes do partido governamental, proclamando o estado de emergência e colocando no poder um grupo de generais.
Myanmar emergiu há apenas 10 anos de um regime militar que estava no poder há quase meio século.
Para justificar o golpe de Estado, imediatamente condenado pela comunidade internacional, os militares asseguraram que as eleições legislativas de novembro passado foram marcadas por "enormes irregularidades", o que a comissão eleitoral nega.
Os militares evocaram ainda os poderes que lhes são atribuídos pela Constituição, redigida pelo Exército, permitindo-lhes assumir o controlo do país em caso de emergência nacional.
O partido de Aung San Suu Kyi, que está no poder desde as eleições de 2015, venceu por larga maioria as eleições de novembro.
A vitória eleitoral de Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz 1991, demonstrou a sua grande popularidade em Myanmar, apesar da má reputação internacional pelas políticas contra a minoria rohingya, a quem é negada a cidadania e o voto, entre outros direitos.
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