"A UE não será intimidada. Charles Michel expressa a sua confiança no Alto Representante Josep Borrell", informou o porta-voz de Charles Michel, numa informação à imprensa em Bruxelas.
A reação surge depois de Josep Borrell se ter deslocado à Rússia entre 04 e 06 de fevereiro, uma visita que ficou marcada pela expulsão de diplomatas da Alemanha, Rússia e Polónia por Moscovo.
O porta-voz de Charles Michel disse, ainda, que "o presidente pretende colocar um debate sobre as relações UE-Rússia na agenda do Conselho Europeu", estando a "consultar os líderes europeus para a preparação deste debate".
Reagindo à visita propriamente dita em nome do líder do Conselho Europeu, o porta-voz criticou a "agressiva posição russa durante a visita do Alto Representante", que "mostra que a Rússia não está interessada no diálogo, mesmo nas áreas em que a cooperação poderia ser de interesse mútuo ou global".
Ocasião essa que visava uma "discussão sobre as relações entre a UE e a Rússia e para salientar, diretamente, a posição da UE sobre a situação de Alexey Navalny", que foi na semana passada condenado por um tribunal russo a dois anos e meio de prisão por violação de liberdade condicional.
"A UE está unida no seu apelo à libertação imediata de Alexey Navalny e a uma investigação transparente sobre o ataque à sua vida. Os direitos de Alexey Navalny devem ser plenamente respeitados", adiantou o porta-voz de Charles Michel.
No que se refere à expulsão de diplomatas da Alemanha, Polónia e Suécia da Rússia -- uma decisão anunciada pelo Kremlin na sexta-feira passada, quando Borrell se encontrava em Moscovo --, Charles Michel "condena a expulsão dos três diplomatas da UE", segundo o seu porta-voz.
A Rússia declarou na sexta-feira 'persona non grata' os diplomatas em questão, acusando-os de participar numa manifestação de apoio ao opositor Alexei Navalny.
Os diplomatas são acusados de terem participado em encontros ilegais, em 23 de janeiro, em São Petersburgo e Moscovo, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, num comunicado.
Hoje mesmo, Josep Borrell informou que irá propor aos líderes europeus a adoção de sanções à Rússia, no Conselho Europeu de 25 e 26 de março.
"Durante o Conselho Europeu de março, iremos fornecer orientações sobre o caminho a seguir [para as relações entre a Rússia e a UE]. Cabe aos Estados-membros decidir o próximo passo mas, sim, pode incluir sanções. E irei avançar com propostas concretas, utilizando o poder de iniciativa que o Alto Representante tem", adiantou Josep Borrell durante uma intervenção na sessão plenária do Parlamento Europeu, onde esclareceu os eurodeputados sobre a sua visita à Rússia.
A imposição de sanções é uma das conclusões que Borrell retirou da deslocação a Moscovo, ao ter ficado "muito preocupado" com as "escolhas geoestratégicas" que as autoridades russas estão a tomar e as "implicações" que estas podem ter para a UE e para a sociedade do país, segundo disse perante os eurodeputados.