Raoni, de 91 anos, participará numa transmissão ao vivo no Facebook, intitulada "Proteja a Amazónia", organizada por várias organizações não-governamentais (ONG) para pressionar o Governo do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a rever a sua polícia ambiental, que não conseguiu controlar o aumento da invasão de terras, queimadas e atos de desflorestação na maior floresta tropical do planeta.
"Estou emocionado com a tristeza de ver a destruição do nosso território progredindo a cada dia", disse o cacique, num vídeo pré-gravado, citado pela agência France-Presse.
"Quero que sejam traçados os limites da terra indígena Kapot-Nhinore, esta é minha última missão. Mesmo estando agora muito velho, devo ter sucesso", acrescentou Raoni, frisando que a área cuja demarcação foi reivindicada é a terra onde estão "os restos mortais" de seu pai e avós.
Hospitalizado duas vezes no ano passado por problemas com úlceras gástricas e por ter contraído a covid-19, Raoni nasceu naquelas terras localizadas no norte do Brasil, antes isoladas na floresta amazónica e hoje ameaçadas pela instalação de fazendas ilegais.
Ambientalistas acreditam que uma das melhores formas de preservar essas áreas é reconhecê-las oficialmente como terras indígenas, onde qualquer mineração ou lavoura não tradicional é proibida.
Mas o reconhecimento desses territórios reservados aos indígenas estagnou desde a chegada ao poder, em janeiro de 2019, de Jair Bolsonaro, que garantiu durante a sua campanha eleitoral que não daria "nem um centímetro" de terra aos indígenas.
Raoni e outros caciques pediram no mês passado ao Tribunal Penal Internacional que investigue "crimes contra a humanidade" que acreditam terem sido cometidos pelo Presidente brasileiro, acusado de perseguir os povos indígenas ao destruir suas terras e violar seus direitos básicos.
A desflorestação e os incêndios florestais continuaram a aumentar desde a chegada de Bolsonaro ao cargo máximo do Governo brasileiro.
O evento que será transmitido através do Facebook na quinta-feira reunirá muitas personalidades, incluindo a primatologista Jane Goodall e o ex-ministro do Ambiente francês Nicolas Hulot.
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