"O esclarecimento não é uma questão aleatória. É uma obrigação do Estado diante da opinião pública e diante daqueles que perderem os familiares", vincou o chefe de Estado alemão, na presença dos familiares das vítimas, durante a cerimónia em memória das vítimas.
A cerimónia, com afluência reduzida por causa das restrições impostas para mitigar a propagação da pandemia, ficou marcada por inúmeras mensagens gravadas por familiares afetadas, que questionavam como é que um neonazi com instabilidade psicológica comprovada tinha acesso a armas.
A estas perguntas juntou-se a de uma mãe que questionava a razão pela qual as autoridades não acudiram as vítimas atempadamente, apesar das chamadas e mensagens de auxilia enviadas enquanto Tobias Rathjen, de 43 anos, baleava várias pessoas.
Os primeiros disparos ocorreram no interior de um bar de narguilé frequentado por cidadãos muçulmanos e de um estabelecimento semelhante, do qual resultaram três mortos.
O neonazi entrou no carro que conduzia e foi a outro estabelecimento frequentado maioritariamente por cidadãos muçulmanos e matou outras seis pessoas.
Entre as vítimas estava um jovem cliente do primeiro bar, que seguiu o homicida de carro enquanto tentava avisar a polícia, mas que acabou por morrer baleado.
O homicida também matou a mãe e acabou por se suicidar.
O atentado em Hanau abalou a classe política alemã.
A chanceler Angela Merkel já classificou o racismo como um "veneno" para a sociedade e para a convivência. A advertência voltou a ser feita no último sábado, através de uma mensagem que é transmitida todas as semanas aos cidadãos, desta vez dedicada ao mais grave atentado xenófobo em décadas na Alemanha.
Entre as vítimas estavam cidadãos de origem afegã, turca, búlgara, romena e bósnia, com idades entre os 21 e os 37 anos.
A chacina começou entre as 21:55 e as 22:15. Os corpos do neonazi e da mãe foram encontrados pela polícia em casa, durante a madrugada. O pai não apresentava ferimentos.
A "Iniciativa 19 de fevereiro Hanau", um coletivo composto por familiares das vítimas, denunciou recentemente o pai do autor do atentado, Hans-Gerd Rathjen, de 73 anos, como o instigador dos atos cometidos pelo filho, com quem partilhava a ideologia neonazi e o apreço por teorias da conspiração.
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