Venezuela: Deputados e governadores imunizados com a vacina russa

A Venezuela iniciou hoje a imunização dos 277 deputados do atual parlamento, dirigido por simpatizantes do regime, com o recém-chegado primeiro lote de 100.000 doses da vacina russa Sputnik V.

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© Hakan Nural/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
23/02/2021 18:50 ‧ 23/02/2021 por Lusa

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Venezuela

A vacinação incluí ainda os governadores estaduais (23 Estados e o Distrito Capital) e tem motivado críticas da oposição que denuncia que os idosos foram excluídos do plano de vacinação prioritária.

"Começaram a ser vacinados todos os deputados principais do parlamento e já foram enviadas as vacinas para os Estados para que os governadores estaduais sejam vacinados. De momento não está previsto que trabalhadores do parlamento sejam imunizados", explicou um político venezuelano à agência Lusa.

Segundo a mesma fonte, vão ser vacinados líderes conhecidos do regime "chavista" como Cília Flores e Nicolás Maduro Guerra (mulher e filho do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro), respetivamente, Jorge Rodríguez (ex-ministro da Comunicação e atual presidente do parlamento) e Diosdado Cabello, que é tido como o segundo homem mais forte do "chavismo", entre outros.

Entretanto, pelo menos três deputados Alfonso Campos, Anyelith Tamayo e Rubén Limas, confirmaram nas redes sociais que já tinham sido vacinados, um dos quais apagou depois a mensagem, que foi, no entanto, divulgada pela imprensa local.

"Recebi hoje a minha primeira dose da vacina Gam-Covid-Vac o Sputnik V, acreditando que chegará até ao último venezuelano. Continuamos a avançar na luta para obter uma mudança para o nosso país", escreveu Alfonso Campos na rede social Twitter.

Por outro lado, em uma mensagem em vídeo, o deputado Ruben Lima explicou que "a vacinação é obrigatória" e que "é um processo simples, rápido, que não produz dor" e instou as pessoas a "confiar na vacina" russa que tem "alta segurança e 92% de possibilidade de imunização" contra o novo coronavírus.

Entretanto a oposição venezuelana denunciou hoje "a politização da saúde que o Governo (do Presidente Nicolás Maduro) pretende impor" e o "obscurantismo" sobre a pandemia da covid-19, no país.

"Vemos como representantes do regime em instâncias ilegítimas anunciam pelas redes sociais que foram vacinados quando sabem conscientemente que não representam as primeiras filas de pessoas a serem imunizadas", disse Dinorah Figuera, presidente da Comissão para a Ciência, Tecnologia e Inovação, da Assembleia Nacional opositora, que funciona em paralelo ao parlamento liderado pelo chavismo.

Figuera denunciou que não há "números oficiais confiáveis" e que na Venezuela está a ocorrer "o desvio de vacinas com objetivos políticos e de controlo social, e medidas de biossegurança insuficientes no manejo dos pacientes".

Por outro lado, o opositor Gilmar Márquez disse aos jornalistas que "haverá venezuelanos que se poderão salvar se se ajoelharem perante a ditadura, outros serão segundos ou terceiros e ficarão na lista de espera para salvar suas vidas".

A Venezuela recebeu em 13 de fevereiro as primeiras 100 mil doses da vacina russa Sputnik-V, que, segundo o Presidente Nicolás Maduro, estão destinadas à população mais vulnerável, aos profissionais do setor da saúde, deputados e militares, para reduzir a transmissão local do novo coronavírus.

Segundo a imprensa local, a vacinação começou cinco dias depois e os idosos foram excluídos.

A Academia Nacional de Medicina (ANM) da Venezuela indicou que o país necessita de 30 milhões de vacinas para imunizar 15 milhões de pessoas, 3,5 milhões delas de maneira prioritária.

Na Venezuela estão oficialmente confirmados 136.068 casos da covid-19, desde o início da pandemia em março de 2020. Há ainda 1.316 mortes associadas ao novo coronavírus e 128.088 pessoas recuperaram da doença.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.474.437 mortos no mundo, resultantes de mais de 111 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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