"Temos que fazê-lo rapidamente. Se me perguntam se acho boa a vacina russa respondo que, independentemente do que ser feita na Rússia, Nova Zelândia ou Israel, basta que funcione e chegue rápido", afirmou, depois de reunir-se com membros do governo da República de São Marino, que recorreu à Sputnik V dada a falta de abastecimento das restantes farmacêuticas.
"Se a UE tivesse cumprido o prometido não estaríamos assim. Se São Marino terminar a vacinação em abril, significa que trabalhou bem e nós devíamos ter feito melhor", acrescentou, comparando Itália, com 60 milhões de habitantes, com São Marino, de 33.000 habitantes e fora da UE.
O líder da Liga, de extrema-direita, que faz parte da coligação do governo de Mario Draghi, encorajou o primeiro-ministro a não esperar pelos prazos de Bruxelas.
"A Saúde está antes de tudo, não se trata de alianças geopolíticas", defendeu.
Atualmente, dois países da UE, a Hungria e a Eslováquia, adquiriram a vacina russa Sputnik V, embora ainda não tenha recebido aprovação da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês), e outros, como a Áustria e Dinamarca, pretendem demarcar-se e colaborar com Israel.
"Estão a fazer bem os governos europeus como a Áustria que se movem a 360 graus", argumentou Salvini que, questionado sobre não depender do parecer da EMA, insistiu que "a saúde está acima de tudo".
Além disso, afirmou que está a "tentar construir relações úteis com outros países como Israel e Índia", apesar de não ter esclarecido de que tipo.
O plano de vacinação não corre tão rápido como era esperado em Itália, onde pouco mais de 1,4 milhões de pessoas estão imunizadas com duas tomas da vacina, a maioria profissionais de saúde, maiores de 80 anos, professores e membros das Forças Armadas.
Draghi, à frente do executivo há duas semanas, já substituiu os responsáveis pela gestão da crise sanitária e colocou à frente o general Paolo Figliuolo, com a missão de acelerar a vacinação.
O ministro do Desenvolvimento Económico, Giancarlo Giorgetti, também membro da Liga, reuniu-se hoje com os referentes da Agência Italiana de Medicamentos e adiantou a intenção de criar um setor para investigar fórmulas com investimentos públicos e privados.
Além disso, pediu que se procurem empresas no país com a capacidade de produzir vacinas até ao outono.
Também o vice-presidente da Forza Italia, Antonio Tajani, aliado de Draghi e Salvini no governo, pediu à UE para acelerar as autorizações e estabelecer contactos com a Rússia.
Em todo o país, 2.995.434 pessoasjá foram infetadas com o vírus e 98.288 morreram desde o início da emergência sanitária, há um ano.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.549.910 mortos no mundo, resultantes de mais de 114,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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