O Quénia recebeu agora 1,02 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, fabricada pelo Serum Institute da Índia.
O ministro da Saúde queniano, Mutahi Kagwe, citado pela agência Associated Press (AP), afirmou que serão administradas vacinas a cerca de 400.000 trabalhadores do setor da saúde, com as restantes a serem alocadas para trabalhadores na linha da frente, como professores e agentes da polícia.
"Temos estado a combater a pandemia com balas de borracha, mas o que adquirimos hoje é equivalente, metaforicamente falando, a bazucas e metralhadoras", saudou Kagwe.
Segundo o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Andrew Brown, o carregamento hoje entregue ao Quénia faz parte de um pedido de 3,5 milhões de doses feitas pelo país da África Oriental.
O Quénia conta até agora com mais de 106.000 casos de infeção, incluindo 1.800 mortes.
Os profissionais de saúde têm mostrado o seu descontentamento com o fornecimento inadequado de equipamento de proteção pessoal e assinalam que nunca receberam os subsídios prometidos pelo Governo pelo trabalho extra e pelo risco ao combate à covid-19.
O Ruanda recebeu hoje 240.000 doses da vacina da AstraZeneca, devendo receber hoje outras 102.960 doses da Pfizer, tornando-se assim no primeiro país africano a receber doses desta farmacêutica.
A vacina precisa de ser armazenada em temperaturas muito baixas, pelo que torna complexa a sua distribuição em países quentes ou em áreas rurais.
De acordo com o ministro da Saúde ruandês, Daniel Ngamije, o objetivo do Governo é vacinar 30% da população até ao final deste ano e 60% até ao final de 2022 no país que registou 19.111 casos desde o início da pandemia, incluindo 265 mortes.
O reino do Lesoto, que conta oficialmente com mais de 10.000 infeções e 295 mortes, recebeu hoje 36.000 doses da vacina da AstraZeneca.
Até agora, Gana, Costa do Marfim, Nigéria, Angola, Gâmbia e República Democrática do Congo (RDCongo) receberam também as suas primeiras doses da vacina entregue pela Covax, com outros países, como Mali, Senegal, Maláui e Uganda a esperar receber a fórmula ainda esta semana.
A plataforma Covax pretende entregar 90 milhões de doses de vacinas no continente africano até final deste mês. Até ao fim de maio, o planeamento prevê a entrega de 237 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca e de 1,2 milhões de doses da vacina Pfizer.
Fundada pela OMS, em parceria com a Vaccine Alliance (Gavi, presidida pelo antigo primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso) e a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (Cepi), a Covax pretende garantir a vacinação a 20% da população de 200 países e tem acordos com fabricantes para o fornecimento de dois mil milhões de doses em 2021 e a possibilidade de comprar ainda mais mil milhões.
O diretor do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), John Nkengasong, alertou na semana passada para a necessidade da vacinação de pelo menos 60% da população do continente, que soma 1,3 mil milhões de pessoas.
"Seremos conhecidos como o continente da covid-19", assinalou o diretor da organização africana.
A Covax tem enfrentado atrasos relacionados com o fornecimento das vacinas, limitadas a nível global, assim como condicionamentos logísticos.
Dada a incapacidade de a plataforma assegurar aos 54 países africanos as doses necessárias para alcançar a imunidade de grupo, alguns Estados, como a África do Sul, estão a tentar assegurar vacinas através de acordos bilaterais ou através do programa de compra em massa da União Africana.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.549.910 mortos no mundo, resultantes de mais de 114,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
De acordo com os dados mais recentes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de infetados neste continente desde o início da pandemia é de 3.914.044 e o de mortes 104.382.
A doença é transmitida por um coronavírus (SARS-CoV-2) detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.