Questionado, na Assembleia da República, pelo deputado Paulo Pisco (PS), sobre quais as possibilidades de António Guterres ser reeleito para um segundo mandato à frente da ONU, Augusto Santos Silva assegurou que o Governo "não antecipa nenhuma dificuldade nessa reeleição".
"Em primeiro lugar, porque António Guterres, no seu primeiro mandato, deu suficiente prova da capacidade de gerir uma organização baseada no multilateralismo, portanto baseada no consenso, nas aproximações, no sentido de compromisso, no sentido de integração de regiões, países, valores, interesses, por vezes contraditórios", começou por enumerar.
Por outro lado, "Guterres trouxe uma agenda reformista para as Nações Unidas, quer em relação à arquitetura de paz e segurança, quer em relação ao sistema para o desenvolvimento, quer em relação à promoção da igualdade de género em todos os postos" da organização, acrescentou.
Santos Silva sublinhou ainda que "António Guterres soube ser o que um secretário-geral das Nações Unidas tem de ser, que é uma consciência moral da humanidade capaz de, ao mesmo tempo, identificar com precisão quais são as questões que a humanidade enfrenta".
"Guterres foi absolutamente inequívoco na identificação do desafio climático, do desafio ambiental, que a humanidade enfrenta e que é essencial ultrapassar para assegurar a sobrevivência da humanidade", disse ainda o responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros.
Perante estas constatações, as expectativas do Governo português na reeleição de Guterres como dirigente da ONU "são as melhores", garantiu Santos Silva.
"De uma coisa estamos certos: António Guterres merece um novo mandato e será um excelente secretário-geral no segundo mandato, tal como o foi no primeiro", concluiu.
Em 11 de janeiro, António Guterres anunciou junto das Nações Unidas a sua candidatura para um segundo mandato de cinco anos, depois servir como nono secretário-geral da Organização das Nações Unidas desde 2017. O atual mandato termina a 31 de dezembro de 2021.
Duas semanas depois, o Governo português formalizou essa recandidatura através de uma carta enviada ao presidente da Assembleia-Geral da ONU e à presidência do Conselho de Segurança.
Numa breve declaração aos jornalistas, o primeiro-ministro, António Costa, salientou a "liderança firme" de Guterres em cinco anos "particularmente difíceis" e a importância de reforçar as organizações multilaterais perante os grandes desafios comuns e as "causas comuns" da atualidade.