Fatima Goss Graves, presidente e diretora executiva do Centro Nacional de Direito da Mulher (National Women's Law Center, NWLC na sigla em inglês), considerou hoje, numa reunião virtual em que a Lusa participou, que "dizer que a pandemia prejudicou desproporcionalmente as mulheres seria uma minimização".
"Na realidade, as mulheres foram dizimadas por esta pandemia" de covid-19, completou a líder da NWLC, organização que trabalha há mais de uma década para a igualdade do género e luta pela justiça no feminino.
Segundo uma análise da organização, 865 mil mulheres saíram do mercado de trabalho nos EUA (ou seja, deixaram de trabalhar ou de procurar emprego) no mês de setembro, o que coincidiu com o regresso das aulas virtuais, um número três vezes maior do que os homens, 230 mil.
Pelas contas da NWLC, em dezembro, houve 156 mil empregos perdidos pelas mulheres e 16 mil empregos ganhos.
A grande disparidade entre as taxas de emprego dos homens e das mulheres resultam de "uma confluência de vários fatores", explicou Fatima Goss Graves.
Segundo a ativista e autora de relatórios e artigos sobre a equidade de géneros, os setores mais afetados são aqueles que empregam mais mulheres (como restauração ou hotelaria), há uma maior probabilidade de as mulheres serem consideradas "trabalhadores essenciais" e não poderem recorrer ao teletrabalho, ao mesmo tempo que as mulheres cuidam mais de crianças e idosos nas famílias.
Para a NWLC, a nova administração dos EUA, liderada desde 20 de janeiro pelo Presidente Joe Biden, tem muita responsabilidade para implementar "reformas que são desesperadamente necessárias".
"Estamos a sair de quatro anos de uma administração que foi abertamente hostil contra as reformas de justiça de género", criticou Fatima Goss Graves, referindo-se à equipa do ex-Presidente Donald Trump.
Neste sentido, algumas ordens executivas de Biden foram cruciais e "vitórias" em termos de igualdade ou direitos da comunidade LGBT, disse Fatima Goss Graves, como a criação de um Conselho de Política do Género no Governo.
Neste momento, a reforma "mais imediata e urgente" é o Plano de Resgate Americano, considerou, um pacote de estímulos à economia apresentado pelo Presidente, Joe Biden, que prevê 1,9 biliões de dólares (cerca de 1,6 biliões de euros).
Depois, tem de se dar prioridade a "ideias e reformas de longo prazo", para dar mais emprego, com pagamentos dignos e com licenças prolongadas de maternidade ou de cuidados à família.
"O impacto da pandemia de covid-19 na economia colocou-nos num ponto de rutura", refletiu a responsável.
Apesar dos grandes desafios, "estamos numa era de tremendas oportunidades e esperanças", concluiu Fatima Goss Graves.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.560.789 mortos no mundo, resultantes de mais de 115,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A Universidade John Hopkins estima que os EUA registaram até hoje 519.867 mortes, em 28,8 milhões casos de infeção.