O anúncio do repatriamento, em linha com o apelos de organizações não-governamentais que têm alertado para as condições desumanas dos campos de refugiados sírios, foi feito hoje no Parlamento belga pelo primeiro-ministro, Alexander de Croo.
Os menores, de até 12 anos de idade, virão dos campos sírios de Roj e Al Hol, onde estão concentrados dezenas de milhares de familiares de combatentes do EI, e poderão vir acompanhados também das suas mães, cujos casos serão, contudo, avaliados individualmente, para determinar se não constituem um risco para a segurança nacional belga, adiantou o jornal La Libre Belgique.
"É preciso fazer todo o possível para tirar (os menores dos campos de refugiados) para que "não se tornem nos terroristas de amanhã", disse De Croo no Parlamento.
A ONG Save the Children divulgou no mês passado imagens do "Anexo", uma parte do campo de refugiados de Al Hol, no nordeste da Síria, onde estão crianças de estrangeiros que foram para a Síria combater nas fileiras do EI, num conflito que dura há quase 10 anos.
Segundo a ONG, aguardam repatriamento 27.500 crianças, 90 por cento das quais com menos de 12 anos, de um total de 42.500 pessoas de diversas nacionalidades, e "as condições de vida nos campos de refugiados estão a deteriorar-se rapidamente", estando "fora de controlo as doenças e a violência".
O número de crianças repatriadas dos campos de refugiados no Nordeste da Síria caiu de cerca de 685 em 2019 para apenas 200 em 2020.
A decisão do Governo belga foi hoje aplaudida pelo delegado belga para os direitos das crianças, Bernard De Vos, que lamentou apenas que seja "tardia para muitas famílias das quais já não há notícias".
Na semana passada, um trabalhador da ONG Médicos Sem Fronteiras foi assassinado em Al Hol, o mais recente de vários incidentes recentes, que desde janeiro já causaram a morte de cerca de 30 pessoas.
A Save the Children tem apelado a todos os países com cidadãos dentro dos campos para redobrarem esforços para os fazer regressar, com urgência particular para os casos clínicos, atendendo aos à violência e receios de uma epidemia de covid-19 em grande escala.
Em Janeiro, segundo a ONG, a França repatriou sete crianças, e em setembro uma criança apoiada pela ONG regressou ao Reino Unido.
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