Na homília, marcada pelas restrições impostas pela pandemia de covid-19, o Papa Francisco, citado pela agência France-Presse, falou "do amor, do poder de testemunhar e da força que é preciso manter para enfrentar a perseguição", de que são alvo os fiéis cristãos, castigados nos últimos anos pelo grupo terrorista autodenominado Estado Islâmico.
Um coro infantil recebeu o Sumo Pontífice, de 84 anos, à chegada à Igreja de São José, no centro de Bagdade, "a que cada paróquia conseguiu enviar apenas 13 fiéis".
No exterior do templo, a "espera ao sol foi longa e silenciosa", mas quebrada assim que o Papa surgiu, por fortes saudações e braços levantados.
O Papa Francisco cumprimentou mulheres, algumas delas cobertas por véus pretos ou brancos. Parecia ainda mais feliz do que os iraquianos que o recebiam. Os jovens - poucos na assembleia - pegaram nos telemóveis para tirar 'selfies', descreveu a AFP.
Depois da receção, uma pequena parte das pessoas entrou na igreja. Quem assistiu à homília através de ecrãs gigantes instalados da praça ia relatando testemunhos de sofrimento.
"Eu sobrevivi à violência sectária, às explosões, mas agora o Papa está aqui", disse um fiel iraquiano, citado pela agência noticiosa.
"Neste país onde tanto dano foi feito, ele poderá curar feridas: é como um pai que finalmente volta para casa", afirmou o homem, que assistiu à missa numa das telas gigantes instaladas na praça.
Samira Youssef esperou horas para ver Francisco, um momento por que ansiou "toda" a sua vida. "Se eles não me deixarem entrar, eu sei que vou chorar", disse.
Perto de Samira, está um rapaz de 12 anos que "todos os dias acende uma vela" na Igreja de São José. "Mas hoje o próprio Papa está aqui", afirmou.
"Espero que isso se torne o seu hábito: espero que o Papa venha ao Iraque o tempo todo", apelou Fahad.
Com a celebração da missa, Francisco concluiu o segundo dia da viagem ao Iraque, num dia histórico em que se reuniu com o líder espiritual dos xiitas, o aiatola Ali al Sistani, e viajou para Ur, onde a tradição diz que nasceu o patriarca Abraão, venerado por as três grandes religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.
No domingo, o Papa visita três cidades em menos de 10 horas. Francisco viajará até à destruída Mosul, onde o autodenominado Estado Islâmico proclamou o seu "califado", em 2014, a Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, e a Erbil a capital do Curdistão e onde celebrará com o maior número de pessoas, numa missa para 10.000 fiéis.
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