Entre abril e setembro de 2020 trabalhavam nos 'media' 1.678 mulheres, face às atuais 1.377, indicou um relatório do Comité para a Segurança dos Jornalistas Afegãos (AJSC) publicado por ocasião do Dia Internacional da Mulher e após um estudo realizado nas 24 províncias do país asiático e em que participaram 90% das empresas de comunicação.
Segundo os dados da organização, das 1,377 mulheres que atualmente trabalham nos 'media' afegãos, apenas 321 são jornalistas, enquanto as restantes estão distribuídas por vários departamentos.
O estudo demonstra ainda que o número de empregadas nos 'media' diminuiu drasticamente nas zonais rurais em comparação com as urbanas, com Cabul a manter o mais número de profissionais, a par da província ocidental de Herat e a nortenha Balkh.
Cinco regiões assinaladas pela sua insegurança, como Nuristão ou Paktia, não registam qualquer mulher empregada nos meios de comunicação.
De acordo com o organismo de vigilância dos 'media', quatro apresentadoras e jornalistas foram mortas nos últimos três meses em ataques diretos.
"Estas quatro mulheres trabalhavam para a Enikass RTV na [província] oriental de Nangarhar", referiu à agência noticiosa Efe Wahida Faizi, porta-voz da AJSC, numa referência a esta região conservadora com presença ativa dos talibãs e ainda do grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).
Na passada terça-feira três apresentadoras foram mortas em dois ataques distintos na capital provincial de Jalalabad, e uma quarta morreu em dezembro, e quando o país regista nos últimos meses uma vaga de assassinatos seletivos contra jornalistas, intelectuais, ativistas e políticos.
Estes ataques e homicídios suscitaram uma vaga de temor entre todos os trabalhadores dos meios de comunicação, mas o seu efeito foi particularmente percetível entre as mulheres da província de Nangarhar.
"Todas as trabalhadoras da Enikass RTV abandonaram as suas funções e a televisão está a enviá-las para suas casas, onde deverão permanecer até uma melhoria da situação de segurança", disse Jawid Razmand, um repórter do canal, em declarações à Efe.
"Se prosseguirem os assassinatos coletivos e a situação atual, estou segura de que o número de mulheres empregadas nos meios de comunicação vai reduzir-se ainda mais", concluiu Faizi, ao manifestar a "profunda preocupação" da AJSC.