"Eu acredito que o povo brasileiro não queira sequer ter um candidato como esse em 2022, muito menos pensar numa possível eleição dele [Lula da Silva]", disse Bolsonaro, em declarações à rede televisiva CNN Brasil.
"As bandalheiras que esse Governo [do Partidos dos Trabalhadores, PT] fez estão claras perante toda a sociedade. (...) Os roubos, desvios na Petrobras foram enormes, na ordem de dois mil milhões de reais (290 milhões de euros, no câmbio atual) que o pessoal na delação premiada devolveu. Então foi uma administração realmente catastrófica do PT no Governo", argumentou o atual chefe de Estado.
Em causa está uma decisão ditada hoje pelo juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que anulou todas as condenações do ex-presidente Lula da Silva na Lava Jato.
Nesse sentido, Bolsonaro disse "não estranhar" a decisão de Edson Fachin, uma vez que o magistrado "sempre teve uma forte ligação" com o PT, do qual Lula é um dos fundadores.
"O juiz Fachin sempre teve uma forte ligação com o PT, então não nos estranha uma decisão nesse sentido. Obviamente é uma decisão monocrática, mas vai ter quer passar pela turma (outros juízes do STF) ou pelo plenário, para que tenha a devida eficácia", avaliou o mandatário à chegada ao Palácio da Alvorada, a sua residência oficial em Brasília.
Bolsonaro também destacou que a bolsa de valores de São Paulo caiu com a notícia da anulação das condenações de Lula e o dólar registou uma subida.
"A bolsa foi lá para baixo e o dólar foi para cima. Ou seja, todos nós sofremos com uma decisão como essa aí", frisou Bolsonaro, acrescentando que espera que o plenário do Supremo reverta a decisão de Fachin.
Efetivamente, o índice Ibovespa, principal referência da bolsa de São Paulo, caiu hoje 3,98%, num dia marcado pela anulação das condenações de Luiz Inácio Lula da Silva.
O STF brasileiro anulou hoje todos as condenações de Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná, relacionadas com as investigações da Operação Lava Jato.
A decisão foi tomada pelo juiz Edson Fachin, que é o relator dos casos da Lava Jato, e que foi indicado para o cargo de magistrado do Supremo pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
A anulação foi decretada na sequência da decisão de Fachin, de declarar a incompetência da Justiça Federal do Paraná nos processos sobre a posse de um apartamento de luxo no Guarujá, estado de São Paulo, e de uma quinta em Atibaia, também em São Paulo, que haviam levado a duas condenações do ex-chefe de Estado brasileiro, em decisões das primeira e segunda instâncias.
Isto não quer dizer que o antigo chefe de Estado brasileiro tenha sido inocentado já que os processos serão remetidos para a justiça do Distrito Federal, que vai reavaliar os casos e pode receber novamente as denúncias e reiniciar os processos agora anulados.
Com a decisão, porém, Lula da Silva voltou a ser elegível e recuperou seus direitos políticos. No Brasil está em vigor a chamada lei da "ficha limpa", que proíbe condenados em segunda instância de disputarem eleições.
Lula, de 75 anos r que governou o Brasil entre 2003 e 2010, chegou a cumprir 580 dias de prisão, entre abril de 2018 e novembro de 2019 e, desde então, o ex-Presidente recorre da sua sentença em liberdade condicional.
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