"Não pretendemos travar o ritmo das nossas conversas sobre as eleições iranianas. O ritmo dependerá do que conseguirmos alcançar enquanto defendemos os interesses da segurança nacional dos Estados Unidos", disse hoje o enviado especial dos EUA no Irão, Rob Malley, numa entrevista hoje divulgada pelo portal noticioso Axios.
"Por outras palavras, não vamos apressar ou desacelerar as coisas por causa das eleições iranianas", explicou Malley.
Em 2018, o ex-Presidente dos EUA Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo nuclear assinado com o Irão em 2015, alegando que Teerão não estava a cumprir os seus requisitos, e restabeleceu todas as sanções norte-americanas.
Depois de chegar à Casa Branca, em janeiro, o novo Presidente, Joe Biden, disse que está preparado para regressar ao acordo se o Irão aceitar as restrições ao seu programa nuclear, impedindo o regime de conseguir a construção de armas nucleares.
Contudo, Biden encontra-se perante um dilema, entre a opção de acelerar as negociações, para conseguir chegar a um acordo antes das eleições de junho no Irão, e a necessidade de conseguir que Teerão aceda às suas condições, o que poderá demorar vários meses ou nunca chegar a suceder.
Numa carta enviada na terça-feira ao chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, 70 congressistas republicanos e 70 democratas exigiram que o Governo do Presidente Biden negoceie desde já um acordo mais amplo e draconiano com o Irão.
O Governo de Biden pediu, para já, para iniciar o processo de negociações com um encontro direto com o Irão, apesar de os líderes iranianos terem resistido a esse encontro, insistindo no levantamento de todas as sanções impostas por Washington.
"Acreditamos que as negociações diretas são mais eficazes e evitam mal-entendidos, mas, para nós, a substância é mais importante do que o formato", concedeu Rob Malley, insinuando que as negociações indiretas, eventualmente com intermediários europeus, poderiam, em última instância, permitir o início das conversações com Teerão.