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"Expressamos o nosso profundo pesar pelo acidente no centro de detenção de migrantes em Sanaa", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros Huthi, Hussein Al-Azi, ao canal Al-Masirah, detido pelos rebeldes.
Segundo o ministro, já foi aberta uma investigação sobre a tragédia de 07 de março.
As declarações foram feitas na sequência de acusações da organização Human Rights Watch, que avançou, na terça-feira, terem sido lançados "projéteis não identificados" por agentes Huthis contra o centro de detenção, provocando o incêndio.
"Dezenas de migrantes morreram queimados quando as forças de segurança Huthis atiraram projéteis não identificados contra um centro de detenção de migrantes em Sanaa, causando um incêndio", disse a HRW.
Segundo a organização de direitos humanos, os guardas do centro "reuniram, num armazém, os migrantes, sobretudo etíopes, que protestavam contra as condições de detenção" e lançaram dois projéteis, um dos quais "explodiu ruidosamente e deu início a um incêndio".
A organização adiantou ainda que centenas de sobreviventes têm queimaduras graves e estão nos hospitais da capital, mas estão sempre a ser vigiados pelos Huthis, o que dificulta o acesso das organizações humanitárias aos feridos.
Um vídeo obtido através de uma testemunha mostra dezenas de corpos carbonizados deitados uns sobre os outros numa sala escura, onde se ouvem gritos e choro de sobreviventes.
Face às acusações, a ONU pediu uma "investigação independente" enquanto a Organização Internacional para as Migrações apelou a que seja dado "acesso humanitário urgente" aos migrantes, alegando ter recebido diversos relatos de associações que estimam terem morrido entre 40 e 60 pessoas no ataque.
Para Hussein Al-Azi, no entanto, os números avançados "são um exagero" que serviu para "instrumentalizar politicamente" a tragédia.
Nos últimos seis anos, o Iémen tem sido devastado por uma guerra que opõe os Huthis, apoiados pelo Irão, às forças do Governo, apoiadas por uma coligação liderada por Riade.
O conflito provocou a morte de dezenas de milhares de pessoas, de acordo com as organizações não governamentais presentes no terreno, e levou à pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU.
Apesar da guerra, os migrantes do corno de África continuam a passar pelo Iémen na esperança de chegar a países vizinhos, os Estados ricos do Golfo.
PMC // FPA
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