Praia, 19 mar 2021 (Lusa) -- O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, alertou hoje para as "demagogias populistas" que negam a ciência e os impactos da pandemia de covid-19 e pediu um "redobrado esforço coletivo" e "sentido de responsabilidade".
"A consciência coletiva deve penalizar aquelas que negam a ciência, negam os impactos e usam demagogias populistas para negar as evidências, negar os impactos da pandemia e para criar comportamentos antivacinação", criticou, sublinhando que as vacinas "salvam vidas".
O chefe do Governo falava na abertura de uma mesa redonda, na cidade da Praia, para assinalar um ano do surgimento do primeiro caso do novo coronavírus no país, ocorrido a 19 de março de 2020, um turista inglês na ilha da Boa Vista.
Notando que as atitudes populistas estão a acontecer em vários países e também em Cabo Verde, o primeiro-ministro pediu um "redobrado esforço coletivo" por parte das forças políticas, organizações da sociedade civil, das organizações empresariais, dos sindicatos e da sociedade em geral no período pós covid-19.
"Um esforço acrescido e com sentido de responsabilidade, orientados para a recuperação e relançamento da economia, reforço da coesão social e da estabilidade política. Mais do que nunca, é Cabo Verde que está em causa", salientou.
Relativamente a um ano da pandemia no país, Ulisses Correia e Silva disse que "Cabo Verde aguentou bem", enaltecendo o "bom combate" dado pelas várias instituições nacionais e a solidariedade dos parceiros de desenvolvimento.
Os parceiros internacionais foram representados na mesa redonda pela coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas, Ana Graça, que começou por saudar Cabo Verde pelo arranque do Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19, com a administração das primeiras seis vacinas na quinta-feira na Praia e a campanha a prosseguir hoje em todas as ilhas.
Homenageando todos os cabo-verdianos que perderam um ente querido ou que sofreram na saúde física e mental os impactos da pandemia e saudando os profissionais de saúde, a coordenadora residente da ONU entendeu que a aposta no capital humano em Cabo Verde deve ser apoiada e sustentada por todos.
Numa altura em que se vê "a luz ao fundo do túnel", com o arranque da vacinação, a responsável organizacional considerou que este é o momento de reforçar todos os mecanismos de diálogo e de coordenação nacional e internacional para a retoma da economia.
"Nas Nações Unidas acreditamos que o todo é muito mais do que a soma das partes e que os desafios só podem ser superados com união. Continuamos o nosso compromisso total com Cabo Verde, para recuperar desta crise rumo ao desenvolvimento sustentável", terminou.
Evolução da pandemia no mundo e em Cabo Verde, lições, desafios e perspetivas são os temas a serem tratados na mesa redonda, que conta com a participação de profissionais de saúde, representante de famílias das vítimas, sociedade civil, entre outras áreas.
Cabo Verde continua hoje a vacinar os profissionais de saúde contra a covid-19, recorrendo apenas às 5.850 doses da vacina da Pfizer já recebidas, aguardando-se uma decisão da OMS sobre a segurança das da AstraZeneca, de que dispõe 24.000 doses.
Cabo Verde tinha até quinta-feira um acumulado de 16.298 casos positivos desde 19 de março de 2020, dos quais 158 óbitos e 481 casos ativos.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.682.032 mortos no mundo, resultantes de mais de 121,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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