Num comunicado assinado também por Mehta, que também renunciou no início desta semana, a Universidade Ashoka dá conta hoje do seu "profundo pesar" pela renúncia do colega Arvind Subramanian.
"Reconhecemos que houve alguns erros nos processos institucionais que tentaremos corrigir em colaboração com todas as partes envolvidas", escreveu a instituição privada, especializada em artes liberais e ciências que foi criada em 2014 no estado de Haryana.
Recorde-se que Mehta já havia deixado o cargo de vice-reitor da mesma universidade em 2019, aparentemente por motivos semelhantes.
Mas a reação da instituição académica indiana não foi suficiente para encerrar a polémica sobre a renúncia do conhecido crítico de Modi, e que chegou a registar protestos estudantis.
Esta semana, Mehta afirmou, numa carta de demissão, publicada pelo jornal local Indian Express, que os seus artigos "em defesa de políticas que têm como objetivo exaltar os valores constitucionais em direção à liberdade e respeito igual para todos os cidadãos são interpretados como um risco".
Também o professor Subramanian lamentou, na sua carta de demissão, que "mesmo a Ashoka, que goza de um estatuto privado, não pode dar espaço para expressão e liberdade académica".
"É perturbador", escreveu o docente.
A saída dos dois professores gerou diversos protestos junto da comunidade académica da Ashoka.
O jornal estudantil da universidade, The Edict, avança mesmo que os protestos poderão continuar nos próximos dias.
"O corpo discente, em 19 de março [sexta-feira], pediu um boicote a todas as aulas na próxima segunda e terça-feira", refere o jornal, exigindo, entre outras medidas, "um pedido de desculpas incondicional a ambos os professores".
Mais de 150 académicos pertencentes a centros de prestígio como a norte-americana Harvard ou a britânica Oxford também lamentaram a pressão sofrida por Mehta, que o levou à renúncia, numa carta aberta intitulada "Um perigoso ataque à liberdade académica".
"Notamos com consternação a renúncia de Pratap Bhanu Mehta sob pressão política da Universidade de Ashoka. Este proeminente crítico do governo indiano e defensor da liberdade académica tornou-se alvo de ataques por causa dos seis artigos", lamentaram.
A polémica surge menos de um mês depois de a organização independente dos EUA Freedom House ter considerado a democracia indiana "parcialmente livre", quando a anterior revisão desta instituição classificava o sistema político da Índia como "livre".
A Freedom House considerou que o governo do primeiro-ministro Narendra Modi "continuou a atacar os críticos este ano" e colocou a minoria muçulmana "como bode expiatório" no contexto da pandemia do novo coronavírus.
Na semana passada, o instituto sueco V-Dem da Universidade de Gotemburgo descreveu este país asiático como "autocracia eleitoral" ao analisar o que diz ser um "declínio democrático".
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