Milhares fogem de confrontos entre forças armadas e dissidentes das FARC

Mais de três mil pessoas fugiram do estado venezuelano de Apure (sudoeste) devido aos confrontos entre as forças armadas da Venezuela e dissidentes das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), disseram as autoridades colombianas.

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Lusa
25/03/2021 06:46 ‧ 25/03/2021 por Lusa

Mundo

Venezuela

 

Os confrontos começaram no domingo passado, no estado venezuelano de Apure, e já obrigaram "mais de 3.100 pessoas" a procurar refúgio na região colombiana de Arauca, na fronteira com a Venezuela, alertou, na quarta-feira, o Ministério de Relações Exteriores da Colômbia.

De acordo com a organização não-governamental (ONG) venezuelana FundaRedes, as pessoas em fuga são pequenos produtores agropecuários, mulheres, crianças e idosos de El Ripial, La Capilla, El Ocho, Guafitas, La Victoria e Urdaneta, atualmente refugiados na cidade colombiana de Arauquita, na fronteira com o estado de Apure.

"Estamos extremamente preocupados com a persistência dos confrontos (...) e, além dos relatos não oficiais de feridos e do silêncio ou da ausência de um real balanço do ocorrido, a verdade é que a população civil foi gravemente afetada", disse o coordenador de FundaRedes aos jornalistas.

Juan Garcia explicou que "o deslocamento da população civil é grave" e as forças armadas venezuelanas fizeram "um ataque com grande força de maneira indiscriminada", sem pensar nos habitantes da zona, que durante anos estiveram sujeitos aos "mesmos grupos guerrilheiros que hoje são atacados".

Por outro lado, o responsável da ONG disse ter ficado "confirmada, uma vez mais, a veracidade das constantes denúncias" que a FundaRedes tem feito "sobre a ocupação, por grupos armados irregulares, de grandes extensões de terra em Apure e no resto do país".

Segundo a FundaRedes, além do estado venezuelano de Apure, há também presença de grupos irregulares nos estados de Amazonas, Bolívar, Táchira e Zúlia.

"Apelamos à comunidade internacional para responder às vozes que se elevam a partir de Apure e que pedem a proteção da vida de jovens e crianças hoje sujeitos a este terror e arbitrariedade dos confrontos entre o exército venezuelano e os dissidentes das FARC, que têm tantos anos na Venezuela, com autorização do Governo (venezuelano)", salientou Juan Garcia, num comunicado difundido 'online'.

Pelo menos dois militares venezuelanos morreram domingo em confrontos com grupos rebeldes armados colombianos, no estado de Apure, indicou o Exército da Venezuela, em comunicado, no qual deu ainda conta da detenção de 32 rebeldes.

Segundo as Forças Armadas Bolivarianas da Venezuela (FANB) foram registados confrontos com "grupos armados irregulares colombianos", tendo sido "neutralizado" um dos líderes, conhecido como "El Nando".

Seis acampamentos foram destruídos e os militares venezuelanos apreenderam uma quantidade indeterminada de armas, munições, explosivos, veículos automóveis e droga.

 As FANB acrescentaram que várias unidades militares, com o apoio de forças da segurança do Estado, continuam a realizar operações de busca e perseguição na área em "estrito cumprimento" da ordem presidencial de "tolerância zero contra este tipo de grupos criminosos".

Também no domingo, num discurso ao país de mais de duas horas, o Presidente venezuelano, Nicolas Maduro, falou sobre a operação em curso.

"Começámos a operação 'Escudo Bolivariano' para proteger as fronteiras. As nossas forças armadas estão no terreno e estão a combater e a apresentar resultados nessa luta pelo controlo territorial", afirmou Maduro.

Um general venezuelano no exílio, contactado pela agência noticiosa France-Presse (AFP), indicou que o ataque da aviação visou um campo de treino de dissidentes do antigo grupo rebelde das FARC.

A Venezuela e a Colômbia partilham 2.200 quilómetros de fronteira comum.

Leia Também: Número de primeiros pedidos de asilo na UE recua 34% em 2020

 

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