Myanmar: Von der Leyen pede fim imediato de "atrocidades"

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou hoje que as "atrocidades" no Myanmar (antiga Birmânia) devem "parar agora", após um fim de semana em que as autoridades birmanesas mataram mais de 120 civis.

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Lusa
29/03/2021 12:05 ‧ 29/03/2021 por Lusa

Mundo

Myanmar

"Condeno veementemente a violência perpetrada contra o povo do Myanmar. As atrocidades têm de parar agora", lê-se numa mensagem publicada por Von der Leyen na sua conta oficial da rede social Twitter.

A presidente da Comissão Europeia acrescenta também que a União Europeia (UE) está a trabalhar com os seus parceiros para "parar com esta violência contra o próprio povo do Myanmar", criar um "processo político adequado" e "libertar todos os detidos".

A mensagem de Ursula von der Leyen surge após, no domingo, o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, ter também apelado ao fim da "tragédia" e qualificado o dia de sábado - quando foram mortas pelo menos 116 pessoas - como um dia de "horror e vergonha".

"Estou a seguir os acontecimentos preocupantes no Myanmar. O crescendo de violência, com mais de 100 assassínios de civis perpetrados pelos militares contra o seu próprio povo no Dia das Forças Armadas, é inaceitável", lê-se na nota publicada pelo chefe da diplomacia europeia durante a noite.

Apelando a que os líderes militares do Myanmar abdiquem do que qualifica de "caminho sem sentido", Josep Borrell reiterou a condenação da UE da "violência insensível perpetrada contra o povo de Myanmar".

"Continuaremos a utilizar os mecanismos da UE, incluindo sanções, para visar os perpetradores desta violência e os responsáveis pelo retrocesso no caminho democrático e pacífico do Myanmar", destaca Borell.

O Alto Representante frisa ainda que os responsáveis pelas "violações sérias dos direitos humanos" têm de ser "responsabilizados" pelos seus "atos sem vergonha".

O número total de mortos devido à violência militar e policial contra manifestantes e civis na Birmânia ascende já a 423, de acordo com a Associação para a Assistência a Presos Políticos (AAPP) da Birmânia, adiantou a EFE.

Segundo o portal de notícias local Myanmar Now, o número de mortos no sábado, o dia mais 'sangrento' desde o golpe militar em 01 de fevereiro, foi de pelo menos 116, no dia em que os militares matavam pessoas nas ruas ao mesmo tempo que a capital recebia uma parada militar a assinalar o Dia das Forças Armadas.

De acordo com a UNICEF, das 423 pessoas mortas, pelo menos 35 são crianças.

Os manifestantes exigem que o exército, que governou o país com mão de ferro entre 1962 e 2011, restaure a democracia e reconheça os resultados das eleições de novembro e pedem a libertação de todos os detidos pelos militares, incluindo a líder de facto Aung San Suu Kyi.

Os militares tomaram o poder alegando fraude eleitoral nas eleições legislativas de novembro, ganhas por larga margem pelo partido da líder deposta e Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi e declaradas legítimas pelos observadores internacionais.

Desde o golpe, a Junta Militar já deteve mais de três mil pessoas, incluindo Suu Kyi e grande parte do seu Governo.

Face ao que qualificam de "brutal repressão" na sequência do golpe militar, a UE impôs, na passada segunda-feira, medidas restritivas contra 11 pessoas que considera responsáveis pelo golpe militar entre os quais o chefe da junta militar, o general Min Aung Hlaing.

As sanções decretadas pelos 27 são dirigidas a 10 das mais altas patentes das forças armadas birmanesas e ao presidente da comissão eleitoral, e consistem numa interdição de viajar para ou pela UE e num congelamento dos seus bens e recursos.

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