"Apelamos à comunidade internacional para apoiar o Governo de Moçambique nos seus esforços para lidar com o terrorismo em Cabo Delgado", lê-se numa nota enviada à Lusa, na qual se sublinha que "o terrorismo é um problema global e Moçambique não pode ser deixado sozinho para lidar com isso".
Na nota de apoio ao Governo e às forças armadas do país, o líder da CEA em Moçambique, Florival Mucave, mostra-se "empenhado em trabalhar com o Governo, as empresas energéticas e a sociedade civil para garantir que os atos violentos não perturbam a estabilidade do país e a execução dos importantes projetos de energia que são tão importantes para o crescimento económico do país e o avanço da prosperidade global".
Na nota, a CEA refere que os ataques em Cabo Delgado mataram mais de 2.600 pessoas nos últimos três anos, tendo obrigado cerca de 670 mil pessoas a fugir das suas casas e considera que "estes ataques são especialmente direcionados para perturbar o investimento nos projetos de petróleo e gás em Moçambique e aterrorizar as populações locais".
O ataque a Palma, há uma semana, aponta, "foi especificamente feito para minar o projeto de 23 mil milhões de dólares [19,6 mil milhões de euros] de gás natural liquefeito da Total, que pode 'mudar o jogo' para Moçambique".
Sendo o maior Investimento Direto Estrangeiro em África, este projeto posiciona o país para ser "o terceiro maior exportador mundial de gás em 2045, e espera-se que o PIB de Moçambique duplique em 2035, sublinhando o impacto transformacional que este projeto tem no país, nos cidadãos e nos Estados vizinhos, basicamente transformando Moçambique, de um dos países mais pobres do mundo para um país possivelmente de médio rendimento".
Os projetos de gás, conclui a CEA, "são um motor fundamental do desenvolvimento económico, que é a única maneira de promover um desenvolvimento sustentável, erradicar a pobreza, reduzir o desemprego entre os jovens moçambicanos e construir capacidade local competente em Moçambique".
A CEA é uma organização empresarial que promove os investimentos estrangeiros em África, nomeadamente os relacionados com a energia.
O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia, a cerca de 25 quilómetros da área onde está a ser preparado o projeto da petrolífera francesa Total.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.
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