O último balanço apontava para 55 vítimas mortais.
As chuvas torrenciais causaram estragos na região que abrange a ilha das Flores, na Indonésia, levando milhares de pessoas a procurar abrigo em centros de acolhimento.
O dilúvio fez transbordar reservatórios de água e inundou milhares de casas, enquanto as equipas de resgate lutavam para prestar assistência às vítimas.
"A lama e o estado do tempo são um grande desafio, assim como os destroços que se estão a acumular e a dificultar as buscas", disse o porta-voz da Agência indonésia de Gestão de Desastres, Raditya Djati.
Em Lembata, ilha situada a meio caminho entre Flores e Timor-Leste, o acesso rodoviário foi interrompido, obrigando as autoridades a usarem máquinas de construção para reabrir as estradas.
Algumas aldeias localizadas em pontos altos foram parcialmente arrastadas em direção à costa por deslizamentos de terra.
Basir Langoday, um residente da ilha, disse ter ouvido pedidos de ajuda de uma casa coberta de escombros.
"Havia quatro pessoas lá dentro. Três sobreviveram, mas a outra não", contou aos jornalistas, adiantando que fez, com os seus amigos, "de tudo" para tentar salvar o homem preso.
O Presidente indonésio, Joko Widodo, enviou condolências às famílias das vítimas, num discurso feito à nação, no qual referiu "a imensa tristeza" sentida para com os "irmãos e irmãs" que foram afetados "pela catástrofe".
Nas áreas do desastre, muitos habitantes em pânico juntaram-se em centros de acolhimento, enquanto outros permaneceram perto do que restou das suas casas.
"Os desalojados estão espalhados por todo o lado, há centenas em todos os distritos", afirmou o diretor da Agência de Gestão de Desastres de Flores oriental, Alfons Hada Bethan, acrescentando que essas pessoas precisam urgentemente "de medicamentos, comida e cobertores".
A chuva, que continua a cair com força, também complica a situação.
"Acredita-se que muitas pessoas ainda estejam soterradas, mas não se sabe quantas", admitiu.
Deslizamentos de terra e inundações repentinas são comuns no arquipélago indonésio, especialmente durante a estação chuvosa, situação que piora, segundo os ambientalistas, com a desflorestação.
Em janeiro, 40 indonésios morreram em cheias na cidade de Sumedang, em Java ocidental.
A Agência de Gestão de Desastres estima que 125 milhões de indonésios, ou seja, cerca de metade da população do arquipélago, vivem em áreas com risco de deslizamentos de terra.
Em Timor-Leste, país que faz fronteira com a Indonésia, as cheias do fim de semana causaram pelo menos 27 mortos e mais de sete mil desalojados em Díli, de acordo com dados avançados no domingo pelo Governo.
"Até agora os dados de vítimas mortais em todo o país é de 27. Além destas pessoas que perderam a vida, há ainda oito casos de pessoas cuja situação não é ainda conhecida", disse o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Fidelis Magalhães.
Depois de uma noite sem chuva, a população de Díli estava hoje de madrugada num processo inicial de limpeza e de rescaldo, com várias zonas da cidade ainda sem eletricidade.
Equipas da Proteção Civil e do Governo estão no terreno para iniciar intervenções urgentes de apoio a famílias e de reparação de estragos em infraestruturas.
Leia Também: Pelo menos 26 mortos em naufrágio de 'ferry' no Bangladesh