Um responsável da Agência Europeia do Medicamento (EMA) confirmou hoje a existência de "uma ligação" entre a vacina AstraZeneca/Oxford e os coágulos sanguíneos observados em alguns doentes após a sua administração.
"É agora claro que existe uma ligação com a vacina. O que provoca essa reação, porém, ainda não sabemos", afirmou Marco Cavaleri ao jornal italiano Il Messaggero.
Marco Cavaleri, que é diretor da estratégia de vacinas do regulador europeu, refere que falta ainda perceber o que está na origem desta ligação.
"Nas próximas horas vamos anunciar que existe uma ligação, mas ainda temos que perceber como é que ela acontece", acrescentou.
Especialistas da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) estão reunidos para finalizar a sua avaliação aos casos raros de coagulação de sangue e a sua possível ligação à vacina da AstraZeneca, cuja utilização está suspensa em alguns países europeus para menores de 60 anos, enquanto se aguarda por esses resultados.
Há já várias semanas que se levantam suspeitas sobre possíveis efeitos secundários graves, mas raros, após terem sido observadas pessoas vacinadas com a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca a apresentarem trombose atípica. Depois de uma averiguação no final de março, a EMA prevê reunir-se sobre o caso entre hoje e sexta-feira.
"Procuramos obter uma imagem clara do que se está a passar, para definir precisamente esta síndrome induzida pela vacinação. Entre os vacinados, há mais casos de trombose cerebral em pessoas mais jovens do que seria de esperar. Isto teremos de dizer", referiu.
Dezenas de fenómenos tromboembólicos já foram relatados, com alguns a resultar em morte. No Reino Unido, houve 30 casos e sete mortes num total de cerca de 18,1 milhões de doses administradas até 24 de março.
Até agora, a EMA defendeu sempre que "não foi provada nenhuma relação causal com a vacina", embora não tenha excluído a possibilidade, reiterando que os benefícios da vacinação contra o vírus SARS-CoV-2 superam sempre os riscos.
De acordo com o especialista em microbiologia médica Paul Hunter, da Universidade de East Anglia, entrevistado pela AFP, "as provas apontam mais para que a vacina Oxford-AstraZeneca seja a causa". Como precaução, vários países decidiram deixar de administrar a vacina abaixo de uma certa idade, entre os quais França, Alemanha e Canadá. Já a Noruega e a Dinamarca suspenderam mesmo a sua utilização.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.862.002 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
[Notícia atualizada às 12h29]
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