Dublin avisa contra "espiral" de violência na Irlanda do Norte
O primeiro-ministro da República da Irlanda, Micheal Martin, alertou hoje contra uma "espiral" de violência que ameaça a paz na Irlanda do Norte, após 10 dias de motins em pleno clima de tensão agravado pelo 'Brexit'.
© Lusa
Mundo Irlanda do Norte
Hoje recorda-se o 23.º aniversário do Acordo da Sexta-feira Santa, assinado em 1998, que colocou um fim ao conflito que há três décadas opôs os republicanos católicos, apoiantes da reunificação com a Irlanda, e os unionistas protestantes, defensores da ligação com o Reino Unido, provocando cerca de 3.500 mortes.
"Temos o dever, para a geração do acordo e para as gerações futuras, de não entrar numa espiral que nos faça regressar à era negra dos assassínios sectários e da discórdia política", disse Micheal Martin, num comunicado.
"Aqueles, como nós, que têm responsabilidades políticas são responsáveis por dar um contributo e garantir que isso não aconteça", acrescentou o primeiro-ministro irlandês.
Nos últimos dias, a Irlanda do Norte foi abalada por uma onda de violência sem precedentes há vários anos, especialmente em áreas com uma maioria protestante, onde as marcas do 'Brexit' estão a provocar um sentimento de traição e amargura.
Durante os episódios de violência, 88 polícias ficaram feridos, incluindo 14 na noite de sexta-feira e madrugada de hoje, informaram as autoridades.
"Foi uma semana difícil e preocupante. Este aniversário está a recordar-nos as responsabilidades que temos e quão importante é a política, a determinação e o diálogo", confessou o ministro irlandês dos Negócios Estrangeiros, Simon Coveney.
Na sexta-feira, os unionistas pediram o fim dos protestos por "respeito à Rainha e à família real", após ter sido conhecida a morte do marido de Isabel II, o príncipe Filipe.
Mas o apelo não foi acatado e os conflitos em Belfast levaram ao arremesso de projéteis e bombas Molotov contra os agentes policiais e, em Coleraine, no norte do país, a polícia entrou em confronto com um grupo de cerca de 40 pessoas.
Nos últimos dias, as ações de violência intensificaram-se, com as autoridades a manifestar o receio de que os protestos estejam a ser organizados pelos grupos unionistas, que já desmentiram essa versão e se demarcaram dos atos provocatórios contra a polícia.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, condenou os distúrbios, pedindo calma e dizendo que "a maneira de resolver as diferenças é por meio do diálogo, não da violência ou da criminalidade".
Nesse dia, também o Governo da Irlanda do Norte, através de um comunicado, condenou as violências, considerando-as "completamente inaceitáveis e injustificadas" e mostrando-se "gravemente preocupado" com a situação.
Leia Também: Brexit: Irlanda pede empenho ativo de Londres no acordo de paz
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com