O discurso de Xi, na abertura de um fórum económico, ocorre num período de crescente tensão entre a China e os Estados Unidos, motivado pelas ambições estratégicas de Pequim.
Sem mencionar os EUA, Xi criticou o "unilateralismo de alguns países" e alertou contra a dissociação, numa referência aos receios de que a tensão entre Pequim e Washington, sobre a tecnologia e segurança, possam gerar esferas separadas, tornando as indústrias e mercados menos produtivas, com padrões incompatíveis entre si.
"Os assuntos internacionais devem ser tratados por todos, através de consultas", disse Xi Jinping, num discurso transmitido durante o Fórum Boao para a Ásia, na ilha de Hainan, no extremo sul do país.
"As regras feitas por um ou mais países não devem ser impostas a outros", sublinhou.
O Presidente chinês pediu uma cooperação mais forte na pesquisa sobre vacinas contra o coronavírus e medidas para torná-las disponíveis aos países em desenvolvimento.
Os comentários refletem o desejo do Partido Comunista Chinês, partido único no poder, de ter uma influência global igual ao estatuto da China como a segunda maior economia do mundo, e a frustração com os esforços dos EUA para bloquear as suas ambições.
Estes sentimentos foram alimentados pelas sanções impostas pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, que bloquearam o acesso a 'chips' de processadores dos EUA e outras tecnologias, para várias empresas chinesas.
Pequim adotou, no entanto, uma postura mais assertiva no mar do Sul da China e outras áreas, onde as reivindicações territoriais entram em conflito com as do Japão, Filipinas, Índia e outros países.
"Não importa o quanto se desenvolva, a China nunca vai procurar a hegemonia, a expansão, esferas de influência ou envolver-se numa corrida ao armamento", disse, contudo, Xi.
O país tem já o segundo maior orçamento militar, a seguir aos Estados Unidos, e está a desenvolver mísseis balísticos com capacidade nuclear, submarinos, caças e outras armas para aumentar o seu alcance militar.
O fórum anual Boao, fundado em 2001, tem como modelo a reunião de Davos dos líderes empresariais mundiais na Suíça.
Xi alertou contra a dissociação nos mercados, uma postura que vai de encontro à promoção de Pequim dos seus próprios padrões para telecomunicações ou ferrovias de alta velocidade e à pressão sobre as empresas para que usem fornecedores chineses, em vez de fontes globais, mesmo que isso aumente os custos.
Acelerar uma campanha de duas décadas para tornar a China autossuficiente em tecnologia foi declarada a principal prioridade económica para os próximos anos.
"Construir muros e dissociar viola as regras económicas e de mercado, prejudicando outras pessoas", disse o Presidente chinês.