Pedro Sánchez falava na sessão de encerramento do Fórum Empresarial Ibero-Americano em Andorra-a-Velha, evento que antecede a XXVII cimeira ibero-americana de chefes de Estado e de Governo de 22 países (incluindo Portugal), que vai decorrer na quarta-feira num formato misto (presencial e virtual).
Para o chefe do executivo espanhol, uma das lições que a pandemia da doença covid-19 deixa é que "a política sozinha, as empresas sozinhas ou a ciência sozinha não podem fazer nada".
Já "a união, o diálogo e o acordo" são "fundamentais", frisou Sánchez.
O primeiro-ministro espanhol deu como exemplo "o sentido de responsabilidade" demonstrado em Espanha pelos empresários e pelos sindicatos, sentido esse que foi demonstrado em diversos acordos, como foi o caso dos dossiês relativos à regulamentação temporária de emprego, que conseguiu proteger 3,6 milhões de trabalhadores.
"Eles colocaram o interesse geral e uma visão de curto e médio prazo antes de qualquer outra consideração", elogiou.
Já numa abordagem mais global, e de forma a superar a crise económica consequente da crise pandémica, Pedro Sánchez considerou ser fundamental que os Governos sejam "muito reformistas" e que se comprometam firmemente com a transição energética em setores como a indústria automóvel.
Outro dos elementos centrais da recuperação, segundo destacou o governante espanhol, será a internacionalização da atividade económica, como aconteceu na crise de 2008.
Como tal, o representante espanhol incentivou um "empurrão final" nos acordos comerciais entre a União Europeia (UE) e a América Latina, nomeadamente com o Mercosul (Mercado Comum do Sul), México ou com o Chile.
"Não consigo pensar em melhor liderança do que a liderança portuguesa para conseguir concretizar alguns destes acordos", acrescentou Sánchez, referindo-se à presidência portuguesa do Conselho da UE, que vai decorrer até 30 de junho deste ano.
Portugal está representado presencialmente em Andorra pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mas, também, pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Apesar do formato misto da cimeira -- vários líderes vão intervir por videoconferência por causa dos constrangimentos associados à pandemia -, Sánchez valorizou a realização do encontro e lembrou outra lição retirada da atual crise: "Todos os mecanismos de concertação multilateral devem ser fortalecidos".
A comunidade ibero-americana é composta por 22 países, dos quais três europeus, Portugal, Espanha e Andorra, e 19 latino-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Cuba e República Dominicana.
A pandemia da doença covid-19 provocou pelo menos 3.031.441 mortos no mundo, resultantes de mais de 141,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus (SARS-Cov-2) detetado em dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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