Ex-polícia acusado do homicídio recebeu recomendação para medalha em 2006

Derek Chauvin, de 45 anos, considerado hoje culpado da morte do afro-americano George Floyd, é um veterano da polícia, com quase 20 anos de serviço, que recebeu, em 2006, uma recomendação para uma medalha de bravura.

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© Pool via REUTERS

Lusa
20/04/2021 23:45 ‧ 20/04/2021 por Lusa

Mundo

Derek Chauvin

A recomendação foi proposta pelo seu papel na resolução de um caso de um homem que apontou uma espingarda a agentes da polícia.

Derek Chauvin serviu duas vezes no Exército dos Estados Unidos, antes de ter começado uma carreira na polícia, tendo estado na Polícia Militar entre setembro de 1996 e fevereiro de 1997 e entre setembro de 1999 e maio de 2000.

Anteriormente tinha trabalhado como segurança e foi funcionário da rede de restaurantes McDonald's.

Apesar do elogio recebido em 2006, Chauvin também foi alvo de várias queixas relativas ao seu comportamento enquanto polícia.

De acordo com o jornal norte-americano Star Tribune, que citou os registos do Departamento de Polícia de Minneapolis, o ex-polícia recebeu pelo menos 15 queixas, a maioria das quais foi arquivada sem que tenha sido aplicada qualquer sanção.

Uma das queixas foi apresentada em 2007 por uma mulher que terá sido parada por Chauvin quando ia a conduzir a uma velocidade de 16 quilómetros acima do limite. A mulher alegou, na altura, que Derek Chauvin a puxou para fora do seu carro e a revistou.

Chauvin não gravou o áudio do incidente e não ligou a câmara de filmar que todos os carros da polícia dos Estados Unidos têm na parte da frente do 'tablier', o que lhe valeu uma das repreensões que constam nos seus registos.

O júri do julgamento considerou hoje, por unanimidade, o ex-polícia culpado de todas as acusações de homicídio do afro-americano George Floyd.

Chauvin foi acusado de homicídio em segundo grau, homicídio em terceiro grau e homicídio por negligência, punidos, respetivamente, com até 40 anos de prisão, com pena máxima de 25 anos, e com pena de prisão de até 10 anos.

Como não tem antecedentes criminais, Chauvin só poderá ser condenado a um máximo de 12 anos e meio de prisão por cada uma das duas primeiras acusações e a quatro anos de prisão pela terceira.

Chauvin declarou-se inocente de todas as acusações.

A morte de George Floyd, aos 46 anos, aconteceu em 25 de maio de 2020, na sequência da sua detenção pela polícia de Minneapolis por suspeita de tentar pagar a conta do supermercado com uma nota falsa de 20 dólares (cerca de 16 euros).

A morte foi filmada em vídeo por transeuntes e divulgada nas redes sociais, sendo que o vídeo mostra Floyd a ser retirado do carro onde seguia sem resistir à polícia.

No filme é possível ver Derek Chauvin a colocar o joelho no pescoço de Floyd e pressionar durante quase nove minutos, enquanto Floyd diz que não consegue respirar.

No dia seguinte à sua detenção, o advogado da sua mulher, Kellie, anunciou que ela tinha pedido o divórcio.

"Ela está arrasada com a morte de Floyd e os seus sentimentos estão virados para a família, entes queridos e todos os que estão a sofrer esta tragédia", disse, na altura, o advogado.

Ainda assim, Kellie e Derek Chauvin foram acusados, num caso interposto depois da morte de Floyd, de fraude fiscal nos últimos seis anos. Ambos se declararam inocentes de nove acusações, cada uma das quais implica uma pena de cinco anos de prisão.

Após a morte de Floyd, a dona de uma discoteca em Minneapolis revelou que os dois homens trabalharam lado a lado durante muitas noites de terça-feira.

Maya Santamaria, dona do El Nuevo Rodeo, disse que Floyd trabalhava como segurança dentro do clube, enquanto Chauvin era pago, quando estava de folga, para ficar no seu carro a vigiar a entrada da discoteca e, ocasionalmente, ajudar a retirar clientes indisciplinados.

"Eu não diria que eles se conheciam", afirmou Maya Santamaria em declarações à CNN, acrescentando, no entanto, que os dois se terão, provavelmente, cruzado algumas vezes.

Os advogados da família de Floyd argumentaram que a alegada relação de Chauvin e Floyd desempenhou um papel na sua morte.

Um funcionário da discoteca referiu inicialmente que os dois homens "chocavam frequentemente de frente", mas depois disse que confundira Floyd com outro trabalhador negro.

Chauvin assistiu ao julgamento pela morte de George Floyd em liberdade depois de, em 07 de outubro de 2020, o juiz ter concordado em libertá-lo sob fiança de um milhão de dólares (cerca de 830 mil euros) da prisão de segurança máxima de Oak Park Heights, Minnesota, onde estava detido desde maio.

As condições da fiança incluíram a proibição de contactar com a família de Floyd, a entrega das suas armas de fogo e a impossibilidade de trabalhar na aplicação da lei ou da segurança enquanto estava em julgamento.

Chauvin foi o primeiro dos quatro polícias envolvidos no incidente a ser julgado e o que enfrentou as acusações mais graves.

Os outros três são acusados de ajudar e incitar os crimes de Chauvin.

Leia Também: Vídeo: Chauvin ouviu três vezes "culpado", fez uma vénia e saiu algemado

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