O porta-voz militar, major-general Zaw Min Tun, disse à agência noticiosa Kyodo que Min Aung Hlaing comparecerá pessoalmente na cimeira, agendada para sábado na capital indonésia, Jacarta, escusando-se a dar mais detalhes.
A cimeira tem como objetivo discutir a situação em Myanmar (antiga Birmânia), sendo a primeira reunião dos líderes da ASEAN desde que os militares derrubaram o governo eleito de Aung San Suu Kyi, a 1 de fevereiro.
Hoje, a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou a que o convite ao líder militar seja retirado pela ASEAN, considerando que "dá uma legitimidade injustificada" à junta sobre o governo democraticamente eleito em Myanmar.
"Antes e depois do golpe, os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia (UE) impuseram sanções financeiras e de viagens a Min Aung Hlaing devido ao seu envolvimento em graves violações dos direitos humanos como comandante-chefe militar", referiu a HRW.
Para a ONG, os membros da ASEAN deveriam, pelo contrário, "aproveitar esta oportunidade para impor sanções económicas direcionadas aos líderes da junta e às empresas que a financiam, e pressionar a junta para libertar presos políticos, acabar com os abusos e restaurar o governo democraticamente eleito do país".
O relator especial da ONU, Tom Andrews, afirmou hoje que a repressão dos protestos em Myanmar após o golpe de Estado provocou até agora 250 mil deslocados e pelo menos 738 mortos.
Mais de 3.300 pessoas foram presas pelo Exército durante a repressão das manifestações, adiantou através da rede social Twitter.
"O mundo deve agir de imediato para responder a esta catástrofe humanitária", acrescentou o relator das Nações Unidas para a Birmânia.
A organização humanitária cristã Free Burma Rangers estima em pelo menos 240 mil os deslocados internos na sequência de ataques aéreos e de operações do Exército no Estado de Karin (sudeste da Birmânia).
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