Quase trinta anos após a guerra (1992-1995), o parlamento da República Srpska (RS) aprovou, no final de fevereiro, várias leis separatistas que visam proibir a polícia e a justiça do Estado central de operarem nesta entidade sérvia da Bósnia.
"A partir de hoje, as forças de reserva começarão a chegar à Bósnia-Herzegovina por terra (...) e por ar", declarou o quartel-general da EUFOR, a força europeia que garante a paz no país balcânico, num comunicado.
Três países europeus - a República Checa, a Itália e a Roménia - vão enviar estes reforços, juntamente com veículos e helicópteros. Serão destacados "nos próximos dias", segundo o comunicado, que não especifica o número de efetivos que serão enviados para o país.
Uma unidade militar romena chegou durante o dia ao aeroporto de Sarajevo a bordo de um avião de transporte de tropas, segundo imagens difundidas pela EUFOR.
Além disso, vários helicópteros do exército italiano chegaram à base da EUFOR em Butmir, nos arredores de Sarajevo, anunciou a missão da Força Europeia na Bósnia no Facebook.
Na sexta-feira, a EUFOR anunciou um "aumento temporário" das suas tropas no terreno, "uma medida pró-ativa (...) no interesse de todos os seus cidadãos".
O número de tropas adicionais não foi divulgado, nem a força atual da missão no terreno (Althea).
De acordo com um comunicado de imprensa de uma missão parlamentar austríaca, que visitou as tropas destacadas na Bósnia em fevereiro, a Força Europeia tem 1.500 efetivos no país.
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, garantiu na segunda-feira em Sarajevo que a comunidade internacional não permitirá a criação de um "vazio de segurança" na Bósnia, após a entidade sérvia ter adotado legislação na qual recusa a autoridade do Estado central.
"Ouço as preocupações sobre a situação de segurança. Mas sejamos claros, não estamos em 1992. E não permitiremos que se crie um vazio de segurança", declarou Rutte, referindo-se ao início do conflito intercomunitário que causou a morte de quase 100.000 pessoas entre 1992 e 1995 na Bósnia-Herzegovina.
"A comunidade internacional está presente e determinada a continuar o seu forte apoio (...) Sei que a EUFOR [força europeia que garante a paz no país balcânico] está totalmente preparada para manter um ambiente seguro e protegido na Bósnia-Herzegovina", acrescentou o secretário-geral da Aliança Atlântica aos meios de comunicação social em Sarajevo.
Milorad Dodik, o presidente da entidade sérvia na Bósnia, a Republika Srpska (RS), foi condenado em fevereiro pelo Tribunal Estadual de Sarajevo a uma pena de prisão de um ano, acompanhada de uma proibição de seis anos de exercer as suas funções, sob acusações de desobediência ao principal enviado internacional que supervisionava a paz no país dos Balcãs.
Na sequência da decisão do tribunal, o parlamento da RS aprovou legislação que proíbe a Procuradoria-Geral do Estado, o Tribunal do Estado e a Polícia Central (SIPA) de operarem na entidade sérvia, em vigor desde a semana passada.
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