JD Vance recebido no Vaticano após críticas do Papa a política migratória

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, chegou hoje ao Vaticano, onde deverá encontrar-se com o Secretário de Estado da Santa Sé, dois meses depois de o Papa ter criticado fortemente a política migratória de Donald Trump.

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Lusa
19/04/2025 11:44 ‧ há 2 dias por Lusa

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Católico devoto, JD Vance chegou ao Palácio Apostólico com a sua delegação pouco antes das 09h00 em Lisboa (08h00 GMT) para conversações com o Cardeal italiano Pietro Parolin e com o Arcebispo Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados.

 

Depois do encontro, o Vaticano emitiu uma declaração na qual reafirmou as boas relações entre ambos os Estados e expressou satisfação com o comprometimento da administração Trump em proteger a liberdade de religião e consciência.

A Santa Sé manifestou preocupação com a repressão do Governo dos EUA aos migrantes e os cortes na ajuda internacional, ao mesmo tempo em que insistiu em soluções pacíficas para as guerras na Ucrânia e em Gaza.

"Houve uma troca de opiniões sobre a situação internacional, especialmente em relação aos países afetados por guerras, tensões políticas e situações humanitárias difíceis, com atenção especial aos migrantes, refugiados e prisioneiros", referiu o Vaticano, num comunicado.

"Finalmente, manifestou-se a esperança de uma colaboração serena entre o Estado e a Igreja Católica nos Estados Unidos, cujo valioso serviço às pessoas mais vulneráveis foi reconhecido", acrescentou.

A referência a uma "colaboração serena" parece aludir à acusação de Vance de que a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA estava a transferir de local "imigrantes ilegais" para obter financiamento federal, o que os principais cardeais dos EUA negaram com veemência.

"Está claro que a abordagem do atual Governo dos EUA é muito diferente daquela a que estamos acostumados e, especialmente no Ocidente, daquilo em que confiamos há muitos anos", disse Parolin ao jornal La Repubblica na véspera da visita de Vance.

Enquanto os EUA pressionam para o fim da guerra na Ucrânia, Parolin reafirmou o direito de Kiev à sua integridade territorial e insistiu que qualquer acordo de paz não deve ser "imposto" à Ucrânia, mas "construído pacientemente, dia após dia, com diálogo e respeito mútuo".

Vance, que se converteu ao catolicismo aos 35 anos, esperava também encontrar-se com o Papa Francisco, que está a recuperar de uma grave pneumonia e que deverá participar na missa de Páscoa no domingo, mas não houve nenhuma indicação de um encontro entre ambos.

Profundas clivagens ideológicas separam o papa, líder de 1,4 mil milhões de católicos, que defende uma igreja mais aberta e o acolhimento de migrantes, enquanto Vance quer transformar o seu país numa fortaleza de valores conservadores.

Em fevereiro, Francisco provocou a ira da Casa Branca quando, numa carta aos bispos americanos, condenou as expulsões em massa de migrantes de Donald Trump, descrevendo-as como uma "grande crise".

"O que se constrói sobre o fundamento da força, e não sobre a verdade da igual dignidade de cada ser humano, começa mal e acabará mal", advertiu.

Em 2024, o pontífice fez uma rara incursão na campanha eleitoral americana, descrevendo as atitudes anti-migrantes como "loucura" e criticando figuras católicas norte-americanas de direita pelas suas posições demasiado conservadoras.

Vance está próximo da franja conservadora da igreja norte-americana, que é muito crítica em relação ao Papa argentino pelas suas posições sobre os migrantes, os fiéis LGBT+ e certas questões de justiça social.

Ao chegar a Roma na sexta-feira para o fim de semana de Páscoa, Vance encontrou-se com a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

Em seguida, deslocou-se à Basílica de São Pedro, acompanhado da mulher e dos três filhos, para assistir à cerimónia da Paixão na Sexta-feira Santa, que comemora a morte de Cristo na Cruz, mas Francisco não esteve presente.

No entanto, o Papa começou a receber visitas, incluindo o Rei Carlos III, e esta semana aventurou-se a sair do Vaticano para se encontrar com prisioneiros na prisão central de Roma, para cumprir um compromisso de Quinta-Feira Santa.

O Papa nomeou outros cardeais para presidir às cerimónias pascais deste fim de semana, mas as autoridades não excluíram a possibilidade de uma breve saudação a Vance.

[Notícia atualizada às 14h29]

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