Iniciativa 'faixa e rota' é uma ferramenta de "propaganda" da China

O ministro da Defesa australiano acusou hoje a China de usar o projeto de infraestruturas 'faixa e rota' "para fins de propaganda", defendendo a decisão de Camberra de revogar acordos concluídos com Pequim.

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Lusa
22/04/2021 10:15 ‧ 22/04/2021 por Lusa

Mundo

Austrália

 

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"Não podemos permitir este tipo de acordos (...) porque são usados para fins de propaganda", justificou Peter Dutton, citado pela imprensa australiana.

O Governo australiano vetou dois acordos entre a China e o Estado australiano de Victoria sobre projetos ligados aos planos estratégicos de Pequim, apontando incompatibilidade com a política externa australiana.

O Governo chinês considerou hoje que a decisão da Austrália causa "graves danos" às relações bilaterais e advertiu que o lado chinês se reserva o direito de "tomar medidas adicionais a esse respeito".

Lançado em 2013 por iniciativa do Presidente chinês, Xi Jinping, o projeto visa abrir novas rotas comerciais entre a Ásia, Europa e África, através da construção de portos, autoestradas, linhas ferroviárias ou parques industriais.

Dutton disse que Camberra "teme" que os governos locais estejam a fazer acordos com Pequim no âmbito daquela iniciativa e esclareceu que o problema do Governo australiano não é com o povo chinês, mas sim com "os valores ou a visão do Partido Comunista Chinês".

Perante as tensões com a China, Camberra aprovou nova legislação, no ano passado, que permite a anulação de qualquer acordo feito entre representantes de um estado australiano e terceiros países, caso constitua uma ameaça ao interesse nacional.

O referido acordo é o primeiro a ser revogado.

Críticos consideram que a iniciativa de Pequim é um meio para aumentar a influência política e económica do Partido Comunista.

Dutton disse que ficaria "muito desapontado" se a China retaliasse, mas que, em qualquer caso, a Austrália "não será intimidada por ninguém".

"Vamos defender aquilo em que acreditamos e é exatamente isso que temos feito", acrescentou.

Pequim tomou uma série de medidas de retaliação económica, nos últimos meses, contra uma dúzia de produtos australianos, incluindo cevada, carne bovina e vinho, o que é interpretado como uma forma de punir Camberra pela sua posição em relação à China.

As relações bilaterais começaram a deteriorar-se em 2018, quando a Austrália excluiu o grupo chinês das telecomunicações Huawei do desenvolvimento das suas infraestruturas para redes de quinta geração (5G), em nome da segurança nacional.

As tensões agravaram-se quando o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, convocou, no ano passado, uma investigação internacional sobre as origens da epidemia da covid-19.

Leia Também: Austrália alega segurança nacional para vetar acordos com a China

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