"Não podemos permitir este tipo de acordos (...) porque são usados para fins de propaganda", justificou Peter Dutton, citado pela imprensa australiana.
O Governo australiano vetou dois acordos entre a China e o Estado australiano de Victoria sobre projetos ligados aos planos estratégicos de Pequim, apontando incompatibilidade com a política externa australiana.
O Governo chinês considerou hoje que a decisão da Austrália causa "graves danos" às relações bilaterais e advertiu que o lado chinês se reserva o direito de "tomar medidas adicionais a esse respeito".
Lançado em 2013 por iniciativa do Presidente chinês, Xi Jinping, o projeto visa abrir novas rotas comerciais entre a Ásia, Europa e África, através da construção de portos, autoestradas, linhas ferroviárias ou parques industriais.
Dutton disse que Camberra "teme" que os governos locais estejam a fazer acordos com Pequim no âmbito daquela iniciativa e esclareceu que o problema do Governo australiano não é com o povo chinês, mas sim com "os valores ou a visão do Partido Comunista Chinês".
Perante as tensões com a China, Camberra aprovou nova legislação, no ano passado, que permite a anulação de qualquer acordo feito entre representantes de um estado australiano e terceiros países, caso constitua uma ameaça ao interesse nacional.
O referido acordo é o primeiro a ser revogado.
Críticos consideram que a iniciativa de Pequim é um meio para aumentar a influência política e económica do Partido Comunista.
Dutton disse que ficaria "muito desapontado" se a China retaliasse, mas que, em qualquer caso, a Austrália "não será intimidada por ninguém".
"Vamos defender aquilo em que acreditamos e é exatamente isso que temos feito", acrescentou.
Pequim tomou uma série de medidas de retaliação económica, nos últimos meses, contra uma dúzia de produtos australianos, incluindo cevada, carne bovina e vinho, o que é interpretado como uma forma de punir Camberra pela sua posição em relação à China.
As relações bilaterais começaram a deteriorar-se em 2018, quando a Austrália excluiu o grupo chinês das telecomunicações Huawei do desenvolvimento das suas infraestruturas para redes de quinta geração (5G), em nome da segurança nacional.
As tensões agravaram-se quando o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, convocou, no ano passado, uma investigação internacional sobre as origens da epidemia da covid-19.
Leia Também: Austrália alega segurança nacional para vetar acordos com a China