Segundo o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Teixeira Cândido, há informações contraditórias sobre o que levou à detenção do jornalista Francisco Rasgado, pelo que é necessário obter esclarecimentos.
"Se o Francisco Rasgado não foi notificado, não incorre num crime de desobediência. Por outro lado, o crime de difamação e calúnia é um crime particular e neste caso não há riscos de fuga e destruição de prova, é preciso perceber o que está em causa e saber quais os motivos, se a detenção tem a ver com a suposta difamação ou com a suposta desobediência", disse à Lusa Teixeira Cândido.
O mandado de detenção, assinado pelo juiz da comarca de Benguela, António José Santana, na quinta-feira e executado na sexta-feira, manda que o arguido, de 64 anos, "seja conduzido à cadeia", mas não refere os motivos.
Francisco Rasgado, diretor e fundador do jornal Chela Press, assinou no ano passado um artigo denunciando alegadas atos de corrupção, gestão danosa e desvio de meios públicos ligados ao governo de Benguela, liderado até ao mês passado por Rui Falcão.
Em causa estava o desvio de equipamentos para construção civil, distribuídos pelo governo central, que foram apreendidos pela Procuradoria-geral da República (PGR) por suspeitas de fraude na adjudicação à firma CCJ, do empresário Carlos Cardoso, que também apresentou queixa contra o jornalista por calúnia e difamação, segundo a Voice of America.
As máquinas viriam mais tarde a ser devolvidas à construtora.
A Lusa não conseguiu, até ao momento, falar com o advogado de Francisco Rasgado.