Irão avisa: Há sérios desentendimentos nas negociações de acordo nuclear

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Said Jatibzade, disse hoje que há "graves desentendimentos" nas negociações entre o Irão e os signatários do acordo nuclear, admitindo abandonar as negociações.

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Lusa
26/04/2021 15:38 ‧ 26/04/2021 por Lusa

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O porta-voz da diplomacia iraniana disse que "ainda há sérias divergências" entre os signatários do acordo internacional assinado em 2015, e que o Irão admite abandonar a mesa de negociações se os Estados Unidos não revelarem suficiente vontade política para regressar ao tratado, que abandonaram unilateralmente em 2018, na era do ex-Presidente Donald Trump.

"Não temos interesse em diálogos longos ou exaustivos", disse Said Jatibzade, explicando que os EUA não têm mostrado "vontade política suficiente" e não parecem interessados em eliminar as sanções contra o Irão, condição 'sine qua non' para Teerão admitir avançar nas negociações.

O porta-voz da diplomacia iraniana salientou que "os Estados Unidos devem cumprir as suas obrigações e eliminar todas as sanções que impuseram ao Irão, de forma total e a um tempo só".

Sobre as possíveis negociações diretas entre o Irão e os EUA, Jatibzade acrescentou que Teerão não pode ignorar a atitude de Washington nos últimos quatro anos.

"[Os Estados Unidos] não negociaram connosco para se retirar do acordo e exercer a máxima pressão contra o Irão", disse.

"Para regressar aos seus compromissos, Washington não precisa de diálogo direto, ou mesmo indireto, connosco", explicou o porta-voz da diplomacia iraniana.

O Irão e as delegações dos cinco países que ainda permanecem do acordo - Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha - iniciaram uma ronda de negociações, no início de abril, à qual os Estados Unidos estão indiretamente associados.

A delegação iraniana, liderada pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, partiu hoje para Viena para prosseguir as negociações que procuram salvar o acordo.

O acordo nuclear, assinado em 2015, limita o programa atómico iraniano em troca do levantamento de sanções, para evitar que a República Islâmica possa usar a tecnologia para construir bombas nucleares.

Durante o mandato do ex-Presidente Donald Trump, os Estados Unidos retiraram-se unilateralmente do acordo, em 2018, e restabeleceram graves sanções contra o Irão, em retaliação ao que consideraram ser a falta de cumprimento das suas obrigações.

O atual Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quer regressar ao pacto, mas antes de suspender as sanções exige que o Irão cumpra todas as obrigações do acordo, o que Teerão rejeita, exigindo que Washington comece por retirar as medidas retaliatórias.

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