"O povo birmanês, que tem estado a protestar pacificamente no país para pedir a restauração da democracia, necessita de saber e merece saber se vai honrar o seu compromisso", afirmou Andrews, numa carta dirigida ao general que liderou o golpe de estado em Myanmar a 01 de fevereiro passado.
O relator da ONU enviou a carta depois de o general Hlaing ter, no fim de semana, acordado com os países membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) o fim da violência contra civis, a iniciar o diálogo e a aceitar um mediador para ultrapassar a crise, promessa que hoje, a Junta Militar, relativizou e condicionou.
Para Andrews, o líder da Junta Militar deverá dizer publicamente que vai honrar o compromisso.
"Espero que honre o direito fundamental do povo de Myanmar a expressar livremente os seus pontos de vista, sem medo de ser ferido, assassinado ou detido arbitrariamente", insistiu Andrews.
Para o relator da ONU, o fim da violência contra os manifestantes pacíficos é um "primeiro passo" para pôr fim a uma crise que já provocou "mais de 750 mortes, incluindo de crianças, às mãos das forças de segurança".
"Exijo ainda que libertem rápida e incondicionalmente todos os presos políticos detidos desde 01 de fevereiro, conforme exigido pelos líderes da ASEAN, incluindo o Presidente indonésio, Joko Widodo, e o primeiro-ministro da Malásia, Muhyiddin Yassin", prosseguiu.
Andrews exige ainda que o general Hlaing "honre o seu compromisso" de aceitar a visita do enviado especial da ASEAN e permitir que se reúna com todas as partes interessadas, incluindo o Presidente Win Myint e Aung San Suu Kyi.
A ASEAN indicou no sábado que queria nomear um enviado especial para "facilitar a mediação" entre todas as partes.
Desde o golpe de estado que os birmaneses têm organizado protestos diários em todo o país contra os militares e para exigir a libertação dos mais de 3.000 detidos pela Junta, incluindo a líder governamental deposta, Suu Kyi.
Embora a maioria dos protestos seja pacífica, alguns manifestantes formaram milícias que realizaram ataques contra os militares ou se juntaram aos guerrilheiros de minorias étnicas que lutam contra o exército birmanês há décadas.
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