Pressionado pela ala conservada e pela extrema-direita, que têm vinculado os últimos ataques com alegadas motivações islamistas ocorridos no país à imigração ilegal, o executivo de Jean Castex tem vindo a ser alvo de várias críticas sobre esta matéria, sendo acusado de ser pouco firme na luta contra o terrorismo.
"A questão de hoje é como melhorar a nossa política contra o terrorismo. Não deve ser confundida com a política migratória. Confundi-las enfraquece as duas lutas", afirmou o primeiro-ministro francês, em declarações à comunicação social após uma reunião do Conselho de Ministros.
Jean Castex falava aos 'media' após a aprovação em Conselho de Ministros de um novo projeto-lei contra o terrorismo, que tem como objetivo prevenir ataques como aquele que foi perpetrado na passada sexta-feira (dia 23 de abril) na entrada de uma esquadra nos arredores de Paris, que vitimou uma funcionária da polícia de Rambouillet.
Na passada sexta-feira, um homem, identificado como um imigrante tunisino de 36 anos regularizado (com autorização de residência) em 2019, esfaqueou mortalmente uma funcionária da polícia de Rambouillet, incidente que foi tratado pelas autoridades francesas como um ataque "terrorista" com motivações religiosas.
O agressor, que foi morto a tiro no local pelos agentes policiais e que não estava assinalado pelas autoridades policiais francesas ou pelos serviços secretos, tinha chegado a França em 2009.
No final de outubro de 2020, um cidadão tunisino que entrou de forma irregular em França, vindo de Itália, esfaqueou mortalmente três pessoas numa igreja católica na cidade francesa de Nice.
"É verdade que alguns dos autores de ataques terroristas tinham chegado recentemente ao nosso território, às vezes em situação irregular. Isto leva-me a afirmar que estamos a combater a imigração irregular com total determinação", reforçou o primeiro-ministro francês.
O novo projeto-lei, que ainda precisa de ser aprovado no Parlamento francês e que irá juntar-se a outros diplomas antiterrorismo já em vigor, inclui medidas como uma maior vigilância das redes sociais e um processo especial de monitorização dos condenados por terrorismo após a sua saída da prisão.
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