Luigi Bergamin, ex-membro da organização Proletários Armados para o Comunismo, "foi sozinho, com o seu advogado, ao Tribunal de Recurso [hoje] de manhã" em Paris, disse a mesma fonte judicial à agência francesa de notícias AFP.
Bergamin, um italiano de cerca de 70 anos, viu a Justiça francesa recusar a sua extradição no início dos anos 1990, sendo procurado em Itália por homicídio, posse de armas, fabrico e posse de explosivos.
Segundo a imprensa italiana, Bergamin é considerado um dos mandatários do homicídio, em 1978, de Antonio Santaro, um guarda prisional assassinado pelo escritor Cesare Battisti.
Sete antigos membros da extrema-esquerda italiana, e nomeadamente das Brigadas Vermelhas, condenados em Itália por atos de terrorismo cometidos nos anos 1970 e 1980, foram detidos na quarta-feira em França, a pedido do Governo de Roma, mas outros três elementos ainda estavam a ser procurados.
No total, o executivo italiano pediu a detenção e extradição de 10 pessoas.
A operação foi recebida com satisfação pelas autoridades italianas, mas denunciada em França pelos advogados dos detidos, da Liga dos Direitos Humanos.
Os italianos foram apresentados hoje à Justiça, depois de terem sido ouvidos pela polícia antiterrorista na quarta-feira.
O Tribunal de Recurso de Paris deverá decidir, durante o dia de hoje, se os detidos serão deixados em liberdade sob controlo judicial ou se ficam presos enquanto se aguarda a análise dos pedidos de extradição enviados por Itália.
Uma primeira audiência pública está marcada para quarta-feira, 05 de maio, segundo fontes judiciais citadas pela AFP.
A extradição dos ativistas de extrema-esquerda refugiados em França era um pedido antigo de Itália que as autoridades francesas recusavam, no âmbito da "Doutrina Miterrand", antigo chefe de Estado francês que concedeu asilo político em França aos membros das Brigadas Vermelhas que não cometeram crimes de sangue.
A decisão de transmitir à Justiça "os pedidos italianos, que originalmente diziam respeito a 200 indivíduos" foi tomada diretamente pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
A elaboração da lista com os 10 nomes é resultado "de um importante trabalho bilateral de preparação" que se prolongou durante vários meses e que diz respeito aos autores de "crimes mais graves", sublinhou o Palácio do Eliseu, em comunicado divulgado na quarta-feira.
"O Presidente queria resolver este assunto que a Itália vinha a pedir há vários anos (...). A França também foi afetada pelo terrorismo e entende que as vítimas precisam que se faça justiça", acrescenta o mesmo documento.
O assunto ressurgiu depois da captura de Cesare Battisti, em janeiro de 2019, na Bolívia, depois de quase 40 anos a viver em França e no Brasil.
Na altura da detenção de Battisti, o então ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, afirmou que "a França acolheu durante vários anos assassinos que mataram inocentes", tendo pedido a extradição "de 15 terroristas italianos, que tinham sido condenados", mas que "levavam uma boa vida" em território francês.
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