Líder dos talibãs defende criação de sistema islâmico no Afeganistão

O líder máximo dos talibãs defendeu hoje a criação dum sistema islâmico no Afeganistão composto por todos setores da sociedade afegã, a implementar aquando da saída das tropas estrangeiras, prevista para 11 de setembro.

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Lusa
09/05/2021 13:42 ‧ 09/05/2021 por Lusa

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Afeganistão

 

"Asseguramos a toda a nação que, após o fim da ocupação, teremos um sistema islâmico que incluirá os afegãos, no qual todos se sentirão representados e ninguém verá os seus direitos violados", disse o líder talibã, Hibatullah Akhundzada, numa mensagem revelada no âmbito do Eid-ul-Fitr, feriado que marca o fim do Ramadão na próxima semana, citada pela agência de notícias Efe.

Akhundzada destacou que os talibãs priorizam as "negociações e o entendimento" para fazer avançar as negociações de paz intra-afegãs, que começaram em setembro passado sem avanços significativos, culpando o Governo de Cabul por tentar, repetidamente, "sabotar o processo político em andamento".

"Mais uma vez, peço aos afegãos da oposição que ponham fim a todas as tentativas de continuar a guerra. Esta terra é o lar de todos. Devemo-nos unir sob os mandatos islâmicos e protegermo-nos de toda a discórdia e preconceito", observou, em referência ao Governo afegão e líderes políticos.

Akhundzada garantiu que o Afeganistão está "prestes a alcançar a liberdade e a independência", e alertou que se os EUA "violarem" novamente o seu compromisso de retirar todas as suas tropas no início de setembro, serão "responsáveis pelas consequências", visto que pretendem responder para alcançar a "soberania [...] a qualquer custo".

Segundo o acordo de Doha, assinado em fevereiro de 2020, os EUA deveriam retirar as suas tropas antes de 01 de maio, mas a nova administração norte-americana adiou essa data para 11 de setembro, coincidindo com o vigésimo aniversário dos atentados às Torres Gémeas, que desencadearam a invasão norte-americana e a queda dos talibãs.

Akhundzada classifica como "um bom passo" o recente início da fase final da retirada das forças dos EUA e da NATO do Afeganistão e pediu que todo o pacto seja cumprido.

O lado dos norte-americanos foi acusado de ter "violado repetidamente" o pacto, ao não libertar todos os prisioneiros talibãs, tal como estava previsto desde o início das negociações intra-afegãs e ao remover os nomes dos líderes insurgentes da lista negra de sanções.

Apesar de, em 2020, o Governo afegão ter libertado mais de cinco mil prisioneiros talibãs, com base no acordo de Doha, para facilitar as negociações intra-afegãs, veio opor-se, recentemente, à libertação de outros sete mil prisioneiros, pois, estimando que 90% dos insurgentes libertados voltaram ao campo de batalha, ao contrário do combinado.

O líder talibã defendeu "relações cordiais e positivas" baseadas no respeito mútuo e na boa conduta com todos os países, e garantiu "que ninguém será atingido "do território afegão".

"A nossa pátria necessita urgentemente de se reconstruir e de ser autossuficiente após a independência", pedindo ao povo afegão que contribuam para o desenvolvimento do país.

Leia Também: Sobe para 50 número de mortos em atentado bombista no Afeganistão

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