O ciclone, rebaixado para tempestade muito severa esta manhã, atingiu o estado de Gujarat na noite de segunda-feira, com rajadas até 185 quilómetros por hora, de acordo com o Departamento de Meteorologia da Índia.
O mau tempo varreu a parte ocidental do país, submergindo a linha costeira, transformando ruas em rios e forçando centenas de milhares de pessoas a fugir.
Dois navios da Marinha foram destacados para ajudar na busca e resgate de um barco com 273 pessoas a bordo, à deriva ao largo da costa de Mumbai, capital do estado de Maharashtra, após a passagem do ciclone.
De acordo com a agência de notícias France-Presse, já foram resgatadas 177 pessoas, continuando 96 desaparecidas, informou a Marinha na rede social Twitter.
As operações de socorro deverão prosseguir durante todo o dia, indicou o Ministério da Defesa indiano, apesar das condições marítimas difíceis, devido à violência da tempestade.
A chuva da tempestade já tinha feito seis mortes nos estados de Kerala, Karnataka e Goa, no fim de semana, antes de se mover ao longo da costa oeste, com ventos fortíssimos a arrancar árvores e postes de eletricidade.
Uma mulher morreu quando um poste de eletricidade desabou na cidade de Patan, no norte de Gujarat, segundo as autoridades.
O nível do mar subiu três metros ao longo da costa, informaram as autoridades meteorológicas da cidade costeira de Diu, com ventos de 133km/h.
Seis pessoas morreram e nove ficaram feridas quando o ciclone atingiu o estado de Maharashtra.
O ciclone atingiu a Índia numa altura em que o país enfrenta uma segunda vaga da epidemia de covid-19 que está a levar ao colapso do sistema de saúde, com oxigénio e medicamentos em falta.
Na segunda-feira, as autoridades de Maharashtra fecharam o aeroporto de Mumbai durante várias horas, pedindo à população para ficar em casa, depois de transportarem 580 doentes infetados com covid-19 "para lugares mais seguros", a partir de três hospitais de campanha, no domingo.
Aquele estado ordenou a evacuação das zonas costeiras, com cerca de 12.500 pessoas a serem forçadas a abandonar as suas casas.
Em Gujarat, cerca de 200.000 pessoas foram deslocadas, incluindo os doentes com covid-19 hospitalizados num raio de cinco quilómetros da costa.
As autoridades estão a trabalhar para evitar falhas de energia nos 400 hospitais e 41 fábricas de oxigénio situados nos 12 distritos costeiros.
Os protocolos sanitários contra o vírus, como o uso de máscaras, distanciamento físico e utilização de desinfetantes, serão observados nos abrigos para deslocados, disseram as autoridades.
O estado de Gujarat, que registou oficialmente 9.000 mortes devido ao vírus (um número que os especialistas dizem ser provavelmente subestimado, tal como acontece no resto do país), suspendeu a campanha de vacinação durante dois dias. Mumbai fez o mesmo durante um dia.
A costa ocidental da Índia é muitas vezes assolada por ciclones devastadores, mas a mudança dos padrões climáticos fez com que estes se tornassem mais intensos, em vez de mais frequentes.
Em maio de 2020, também durante a pandemia de covid-19, uma centena de pessoas morreu devido ao ciclone Amphan, a tempestade mais poderosa que atingiu o leste da Índia em mais de uma década, que devastou a região e deixou milhões sem energia.
Com uma população de 1,3 mil milhões de habitantes, a Índia registou 4.329 mortos por covid-19 nas últimas 24 horas, um novo recorde, além de 263.533 infetados, ultrapassando os 25 milhões de casos desde o início da pandemia.
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