"Existem certas regras internacionais e são os órgãos aéreos internacionais que devem fazer uma avaliação", disse Dmitry Peskov, o porta-voz do Kremlin.
"Uns pedem sanções, outros que tudo esteja dentro da ordem", acrescentou Peskov, "não vamos participar neste caminho".
"É chocante que o Ocidente considere o incidente no espaço aéreo bielorrusso 'chocante'", afirmou por seu lado a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, numa mensagem publicada na rede social Facebook.
A porta-voz observou que os Estados ocidentais também já foram no passado culpados de "sequestros, aterragens forçadas e detenções ilegais".
As autoridades bielorrussas detiveram no domingo o jornalista Roman Protasevich, depois de o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, ter ordenado que o voo da companhia aérea Ryanair de Atenas para Vilnius, capital da Lituânia, fosse desviado para o aeroporto de Minsk.
Roman Protasevich, de 26 anos, é o ex-editor-chefe do influente canal Nexta, que se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020.
A companhia aérea irlandesa Ryanair disse hoje que a tripulação do avião em que viajava um jornalista crítico do regime bielorrusso recebeu um aviso de ameaça à segurança a bordo antes de o aparelho ser desviado para Minsk.
A empresa de voos 'low-cost' acrescentou que nada foi encontrado após o avião aterrar em Minsk.
Assim que o avião pousou no aeroporto de Minsk, os passageiros foram obrigados a um controlo, durante o qual o jornalista foi detido.
A prisão do ativista gerou indignação nos países ocidentais, com a NATO e a União Europeia a levantarem a ameaça de novas sanções contra a Bielorrússia. A França sugeriu hoje uma "proibição do espaço aéreo" da Bielorrússia após o sequestro do avião da Ryanair.
Os chefes de Estado e de governo da União Europeia devem analisar hoje a possibilidade de novas sanções contra o regime autoritário de Minsk como reação ao desvio do avião.
Perante um vasto movimento de protesto contra a sua reeleição considerada fraudulenta em agosto de 2020, Lukashenko orquestrou uma campanha de repressão contra a oposição e os meios de comunicação independentes do país.
Desde o início dos protestos na antiga república soviética, centenas de jornalistas foram detidos e quase 20 estão ainda presos.
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