António Guterres "apoia os apelos para uma investigação completa transparente e independente sobre este incidente perturbador e exorta todos os atores relevantes a cooperarem em tal investigação", disse o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, em declarações citadas pelas agências internacionais.
As autoridades bielorrussas detiveram o jornalista Roman Protasevich no domingo, depois de o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, ter ordenado que um voo da companhia aérea Ryanair, que fazia a ligação entre Atenas (capital da Grécia) e Vilnius (capital da Lituânia), fosse desviado para o aeroporto de Minsk (capital da Bielorrússia).
O aparelho aéreo civil tinha a bordo mais de uma centena de passageiros.
O secretário-geral "está profundamente preocupado com a aparente aterragem forçada de um avião de passageiros na Bielorrússia e com a subsequente detenção do jornalista Roman Protasevich", prosseguiu a mesma fonte.
"Gostaríamos de vê-lo libertado", acrescentou Stéphane Dujarric, quando questionado especificamente sobre o jornalista e opositor bielorrusso de 26 anos.
E concluiu: "O secretário-geral continua seriamente preocupado com a deterioração da situação dos direitos humanos na Bielorrússia. Exorta as autoridades bielorrussas a respeitarem plenamente todas as suas obrigações internacionais de direitos humanos, incluindo no que diz respeito à liberdade de expressão, de reunião e de associação".
Nas últimas horas, várias capitais europeias têm condenado a ação das autoridades bielorrussas, que asseguraram hoje ter agido dentro da legalidade ao intercetar o voo comercial da Ryanair após uma ameaça de bomba.
A par da convocação dos embaixadores bielorrussos nas respetivas capitais, países decidiram avançaram com outras medidas.
Foi o caso do Reino Unido que pediu às companhias aéreas britânicas para evitarem o espaço aéreo da Bielorrússia e que suspendeu a autorização da transportadora aérea nacional bielorrussa Belavia.
A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 09 de agosto de 2020, que segundo os resultados oficiais reconduziram o Presidente, Alexander Lukashenko, no poder há mais de duas décadas, para um sexto mandato, com 80% dos votos.
A oposição denunciou a eleição como fraudulenta e reivindicou a vitória nas presidenciais.
Desde então, o país testemunhou uma vaga de protestos populares para exigir o afastamento de Lukashenko, manifestações conduzidas pela oposição que têm sido reprimidas com violência pelas forças de segurança da Bielorrússia.
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