"Apoiar este homem é apoiar um homem que ameaça ferir e matar pessoas inocentes. É lamentável que alguns soldados ou ex-militares tenham demonstrado o seu apoio. Eles prejudicam a reputação e a honra dos 25.000 homens e mulheres que fazem parte da Defesa", afirmou Dedonder numa conferência de imprensa, referindo-se também a uma onda de "apoio preocupante" na Internet.
À tarde, a rede Facebook anunciou a remoção de uma página de apoio a Jurgen Conings que reuniu mais de 45.000 membros no espaço de poucos dias.
Segundo um porta-voz da rede social contactado pela agência francesa AFP, não houve "nenhum pedido particular" para retirar a página.
O Facebook disse que a página holandesa, apelidada "als een achter Jurgen" ("Como um só atrás de Jurgen"), "violou" a política do grupo "relativa a organizações e indivíduos perigosos".
"Os conteúdos, grupos e páginas que elogiam ou apoiam terroristas, como Jurgen Conings, não são permitidos no Facebook ou Instagram", acrescentou a rede social, em comunicado.
Jurgen Conings, militar de 46 anos, provavelmente armado e, portanto, considerado perigoso, é procurado há uma semana, principalmente na província de língua holandesa de Limburg (norte da Bélgica), de onde é natural e onde o seu carro foi encontrado abandonado em 18 de maio, com um lança-foguetes antitanque.
Segundo cartas encontradas pelos investigadores, este homem listado como simpatizante da extrema-direita parece determinado a atacar representantes do Estado e o virologista belga Marc Van Ranst, um especialista em destaque devido à pandemia de covid-19.
Conings é um dos 30 membros do Exército belga monitorizados pelo serviço de inteligência militar devido à sua proximidade com a extrema-direita.
Mesmo assim, teve acesso a armas e munições no seu quartel, algo que o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, considerou "inaceitável".
A partir deste fim de semana, 11 militares com o mesmo perfil de "extremista violento" foram "excluídos de qualquer possibilidade de trabalhar com armamento", segundo a ministra da Defesa.
Várias investigações internas estão em andamento nesse Ministério sobre a falta de supervisão da qual Conings tirou proveito.
Na esfera judicial, um juiz de instrução foi detido pelo Ministério Público Federal no contexto de uma investigação por "tentativa de assassínio em contexto terrorista".
A pandemia polarizou as opiniões sobre uma variedade de tópicos em vários países europeus. Na Bélgica, o trabalho do virologista Van Ranst tem sido contestado maioritariamente por pessoas que negam a necessidade de distanciamento físico e recusam utilizar equipamentos de proteção individual, como as máscaras.
Van Ranst chegou até a receber ameaças de morte de Conings.
A fuga de Jurgen Conings está a humilhar as autoridades belgas, uma vez que este militar experiente conseguiu não só enganar outros militares e agentes da polícia, como também teve tempo de armazenar várias armas de grande calibre em armazéns antes de desaparecer.
No passado está uma carreira de 30 anos enquanto 'sniper', antes de começar a fazer ameaças e considerações racistas na rede social Facebook, que levaram a sanções disciplinares, mas que não lhe retiraram a possibilidade de utilizar armas de fogo.
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