Dicionário em Moçambique e rede de escolas promovem língua portuguesa

O dicionário do português de Moçambique e a rede de Escolas Amigas da CPLP foram apresentados hoje como formas de potenciar a defesa e promoção da língua portuguesa numa conferência internacional realizada a partir de Cabo Verde.

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Lusa
26/05/2021 14:20 ‧ 26/05/2021 por Lusa

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"A projeção do português é um dos fatores que tornou a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] estrategicamente atraente, um verdadeiro polo de interesses diversos, o que é também comprovado pelo crescente número de países e organizações internacionais interessadas em participar nas atividades da nossa organização", afirmou o secretário-executivo da CPLP, Francisco Ribeiro Telles, na sessão de abertura da IV Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa no Sistema Mundial.

O diplomata português anunciou que a organização, no âmbito do plano de ação preparado para defesa e promoção da língua, entre 2021 e 2026, está a ultimar o lançamento do projeto Escolas Amigas da CPLP.

"Prevê-se que esta rede, a rede de Escolas Amigas da CPLP, seja constituída por estabelecimentos de ensino básico, secundário e instituições de ensino superior públicas ou privadas de todos os Estados-membros e países terceiros que acreditem e atuem com base nos ideais da CPLP e desejem apoiar a organização na prossecução da sua missão", explicou.

"Estas estruturas terão como objetivo promover a CPLP, contribuindo para a formação cívica e democrática dos seus membros, apoiar os direitos humanos, favorecer a amizade, a cooperação, o diálogo entre os povos, e muito particularmente a promoção e a difusão da língua portuguesa", disse ainda Francisco Ribeiro Telles.

Ao intervir igualmente na abertura desta conferência, que se realiza no âmbito da presidência rotativa da CPLP, a cargo de Cabo Verde, mas apenas em formato online, conduzida a partir da Praia, o diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), Incanha Intumbo, destacou que a afirmação da língua portuguesa "tem vindo a ser reconhecida" internacionalmente.

Apontou projetos e concursos académicos que têm sido lançados pelo IILP, em parceria com outras entidades, para promoção e estudo da língua portuguesa, destacando o trabalho em curso, como a criação do dicionário do português de Moçambique.

Segundo o diretor do IILP, este projeto é "prova da importância cada vez maior atribuída às variedades do português faladas em África".

"A língua portuguesa tem sabido adaptar-se e acompanhar as dinâmicas e os desafios próprios das realidades multilingues nos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], os desafios da globalização e da procura cada vez maior de que tem sido alvo, vivendo em interação constante e coabitação pacífica, com base no respeito mútuo, com outras línguas", apontou ainda Incanha Intumbo.

Já o secretário-executivo da CPLP recordou, na sua intervenção de abertura, que a língua portuguesa tem assegurado, nos Estados-membros, "funções identitárias, políticas, económicas, culturais e sociais", sendo "simultaneamente o meio de comunicação através do qual se estabelecem ligações e que se promove a coesão, a solidariedade, a amizade, a concertação político-diplomática e a cooperação".

"Em termos mundiais, coloca-se como uma língua cada vez mais global e de projeção futura, estando presente nas redes sociais, na inovação, na criação artística, na investigação e em diversas estruturas da governança política e económica internacionais", destacou ainda Francisco Ribeiro Telles.

Assumiu que a promoção da língua, dentro da CPLP e no plano internacional, "tem sido tratada como uma questão política e estratégica relevante, de primeiríssima importância" desde a criação da organização, há 25 anos, e que o objetivo é "elevar cada vez mais o 'status' da língua portuguesa no contexto global".

Segundo Francisco Ribeiro Telles, as comemorações deste ano do dia da língua portuguesa (05 de maio) já envolveram cerca de 300 eventos em todo o mundo.

Até 28 de maio, vários especialistas abordam, em formato virtual, os "Horizontes e perspetivas da língua portuguesa" nesta IV Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa no Sistema Mundial, organizada pelo Governo cabo-verdiano.

A instituição deste fórum aconteceu em 2009, com a Declaração da Praia, saída da XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, que convocou os Estados-membros para participarem na Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial (CIFLPSM), que teve lugar em Brasília, em março do ano seguinte.

Seguiram-se as conferências em Lisboa, em 2013, e em Díli, em 2016, as quais têm vindo a destacar as dimensões global e pluricêntrica da língua portuguesa, que se refletem na sua presença em diferentes continentes e como objeto de políticas públicas que permitem projetá-la nas suas regiões e ao nível mundial.

A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Leia Também: CNE de Moçambique quer ensino sobre democracia e eleições nas escolas

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