A decisão de Camberra enfatiza as dificuldades demonstradas pelas embaixadas estrangeiras que tencionam modificar, de forma drástica, o esquema de funcionamento no Afeganistão até ao próximo dia 11 de setembro, data que assinala o fim da presença militar dos Estados Unidos no Afeganistão, marcada para coincidir com o 20º. aniversário do atentado contra Nova Iorque que provocou a intervenção militar dos EUA.
A inquietação das embaixadas é partilhada pelos milhares de funcionários locais, que receiam ser vítimas de represálias por parte dos talibãs que os consideram traidores.
O analista político afegão Sayed Nasir Musawi disse à agência de notícias francesa AFP que o exemplo australiano pode vir a ser replicado por outros países durante os próximos meses.
"Os países ocidentais não estão convencidos de que o Governo atual do Afeganistão vá conseguir sobreviver", disse.
Em abril, os Estados Unidos retiraram da embaixada o pessoal não essencial que se encontrava em Cabul.
As autoridades afegãs garantem que vão adotar medidas no sentido de impedir que os talibãs tomem o poder pelas armas, mas os "insurgentes", que confrontam diariamente as forças de segurança, têm efetuado importantes avanços no terreno nos últimos meses.
Os talibãs controlam parcialmente, e em alguns casos totalmente, todos os distritos do país e avançam agora para as principais cidades do Afeganistão, uma tática que foi utilizada em 1996.
Para os observadores internacionais, os combatentes islamistas esperam pela retirada total dos Estados Unidos para lançar uma ofensiva de grande escala.
Na terça-feira, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou o encerramento "provisório" da embaixada em Cabul "devido à iminente retirada militar internacional do Afeganistão" que "criou um ambiente securitário incerto".
"Vamos renovar a presença permanente em Cabul quando as circunstâncias o permitirem", acrescentou Morrison.
Os talibãs têm tentado tranquilizar os diplomatas estrangeiros, afirmando que os insurgentes "não são uma ameaça" para as embaixadas e para as organizações humanitárias, mas existem receios de comportamentos radicais, tal como aconteceu depois de 1996.
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