O encontro - realizado através de videoconferência devido às restrições globais do novo coronavírus -- contou com a participação dos chefes da diplomacia da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, do Brasil, Carlos Alberto Franco França, da Rússia, Serguei Lavrov, da China, Wang Yi, e da África do Sul, Naledi Pandor.
A Índia preside o fórum BRICS este ano, mas, como recordou Jaishankar no discurso de abertura, "infelizmente a pandemia" impediu o encontro pessoal entre ministros e continua a marcar a realidade global.
"Também continua a proporcionar o contexto mais amplo no qual avaliamos o mundo e as nossas políticas. Este é um momento para refletir sobre as suas múltiplas implicações", sublinhou o ministro indiano.
A Índia foi particularmente afetada pela pandemia, com mais de 28 milhões de casos e 331.895 mortes, e especialmente por uma segunda vaga que atingiu fortemente o país entre abril e maio, esgotando o sistema de saúde.
Assim, quem mais acentuou a necessidade de cooperação foi a ministra sul-africana, que recordou que a Índia e a África do Sul recorreram à Organização Mundial do Comércio (OMC), com uma proposta de suspensão de patentes de vacinas e outros produtos contra a covid-19 por pelo menos três anos.
"Temos um dilema global, milhões de pessoas em nações ricas foram vacinadas, enquanto milhares de milhões nos países mais pobres ainda esperam (ser vacinadas) e continuam vulneráveis à infeção, doença e morte", apontou.
Para acabar com esta crise de saúde, frisou, é preciso recordar: "Ninguém está a salvo até que todos estejamos a salvo. Devemos abordar esta lacuna global de acesso às vacinas", frisou Naledi Pandor.
Algumas das nações mais ativas na distribuição global das vacinas a países desenvolvidos têm sido a China, Rússia e Índia, até que esta última teve de interromper as exportações para lidar com a grave crise no seu território.
O ministro brasileiro destacou a "cooperação na produção de vacinas" e o acesso a doses importadas da vacina Covishield, do laboratório britânico-sueco AstraZeneca produzida pelo Instituto Serum da Índia, de outras duas vacinas da China ou da russa Sputnik V.
Por seu lado, o ministro russo Lavrov assinalou que "só unindo forças" a crise pode ser superada "em benefício" desses países.
"A cooperação entre os BRICS enfrenta agora as ramificações profundas e complexas da pandemia. Este é um desafio para os BRICS, mas também podem surgir oportunidades de uma crise. Acreditamos que, se unirmos forças, os BRICS vão mostrar o seu valor único e desempenhar o papel que lhes corresponde", assegurou o ministro chinês, Wang Yi.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.551.488 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.