Os representantes da Rainha Isabel II excluíam "estrangeiros e imigrantes de cor" da possibilidade de exercer funções na Casa Real até, pelo menos, meados da década de 60, de acordo com o revelado esta quarta-feira pelo britânico Guardian, numa investigação que promete reabrir a conversa sobre racismo no seio da família real.
Os documentos oficiais acedidos pelo jornal revelaram que, em 1968, o responsável financeiro da Rainha Isabel II informava os colaboradores de que "não era prática contratar estrangeiros ou imigrantes de cor" para funções de assistente na Casa Real, embora pudessem exercer funções de trabalho doméstico.
Não foi possível determinar quando esta prática foi abandonada. O Palácio de Buckingham recusou responder às questões sobre a proibição e quando foi levantada, indicando apenas que os registos mostram que nos anos 1990 trabalhavam na Casa Real pessoas de minorias étnicas. Antes dessa década, justificaram, não mantinham registos dos funcionários.
O jornal conseguiu documentos que provam esta prática graças ao acesso aos Arquivos Nacionais, no âmbito da investigação mais alargada que fez aos acordos e cláusulas mais controversos do Palácio de Buckingham - como aqueles que exoneram a Rainha e a família real de leis sobre descriminação sexual ou racial. Sublinhe-se que, em fevereiro, o mesmo jornal revelou que a Casa Real exerceu pressão para mudar leis a seu favor fazendo uso de procedimentos parlamentares arcaicos.
Estes revelações vêm trazer novo fôlego às declarações feitas na entrevista de Oprah Winfrey a Meghan Markle e ao príncipe Harry, em março, onde a duquesa afirmou que um elemento da família real demonstrou preocupação sobre o tom de pele do filho, Archie, antes do menino nascer, em maio de 2019.
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