O aviso da organização não-governamental (ONG) ecologista surge no mesmo dia em que o Conselho de Segurança da ONU irá discutir o assunto.
A reunião do órgão máximo da ONU surge numa altura em que as negociações entre os rebeldes Huthis, que controlam o porto de Hodeida, ao largo do qual o navio petroleiro está abandonado, e as Nações Unidas, que desejam inspecionar a embarcação, "estão num impasse", segundo os insurgentes.
O Iémen tornou-se palco de uma guerra em finais de 2014 entre os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, e as forças do Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, que em março de 2015 seria apoiado por uma coligação militar internacional árabe, liderada pela Arábia Saudita.
Com cerca de 45 anos e com 1,1 milhão de barris de petróleo a bordo, o navio FSO Safer está parado desde 2015 no mar Vermelho, a cerca de 60 quilómetros das primeiras zonas habitadas do Iémen, cuja população enfrenta uma grave situação humanitária.
"O FSO Safer está a deteriorar-se e pode (...) explodir a qualquer momento", declarou Ahmed el-Droubi, um dos responsáveis da Greenpeace para a região do Magrebe/Médio Oriente, num comunicado, citado pelas agências internacionais.
A realização de uma inspeção ao navio é um processo que se arrasta há vários anos, entre os pedidos de acesso da ONU e a recusa dos rebeldes Huthis, que controlam a capital iemenita, Sana, e uma grande parte do norte do país.
"A ONU deve agir agora para evitar o que poderá ser o maior desastre com petróleo na região" em décadas, frisou a diretora da Greenpeace International, Jennifer Morgan.
Um eventual derramamento de petróleo pode afetar vários países nas imediações, como Djibouti, Eritreia e Arábia Saudita, bem como o tráfego marítimo comercial no mar Vermelho.
Uma possível maré negra poderá igualmente destruir os ecossistemas do mar Vermelho, determinar o encerramento do porto de Hodeida durante um período de pelo menos seis meses e expor mais de 8,4 milhões de pessoas a níveis elevados de substâncias poluentes, de acordo com estudos independentes.
O enviado da ONU para o Iémen, Martin Griffiths, realizou nas últimas semanas missões diplomáticas no Golfo para tentar reiniciar as negociações de um cessar-fogo entre as fações do conflito iemenita.
A ONU considera que o conflito, que causou mais de 100 mil mortos, sobretudo civis, provocou a pior crise humanitária do mundo, estimando que mais de 24 milhões de pessoas, cerca de 80% da população do país, precisam de algum tipo de assistência.
Em outubro de 2020, a edição anual do Índice Global da Fome (IGF) colocava o Iémen entre os países no mundo que mostram níveis alarmantes de fome.