"Recebi uma mensagem de texto para apresentar-me para a vacina contra o coronavírus. Cheguei pelas 09h00 pelas 13h00 (locais, mais cinco horas em Lisboa) anunciaram que não havia vacinas suficientes e voltei para casa", explicou uma venezuelana à Agência Lusa.
Aída Martínez, 68 anos, tinha marcação para as 14:00 (19:00 em Lisboa) e por prever "grande afluência" acudiu cedo ao lugar que lhe mandaram, a Universidade Bolivariana da Venezuela em Los Chaguaramos, Caracas.
"É injusto. Estive horas em fila e nem chegou a hora da minha marcação. É uma falta de consideração para os anciãos que temos muitas doenças e andamos preocupados com o vírus e muitas outras coisas", explicou.
Johan de Los Reyes, 69 anos, teve "a mesma (má) sorte" e terá que voltar às filas noutro dia, para ser vacinado.
"Tinha marcação para as 09:00 (14:00 em Lisboa) e perto da uma da tarde (18:00 em Lisboa) contaram quem estava na fila e disseram que só havia vacinas para 200 pessoas. Tinha o número 202, tive que vir embora", explicou.
Este reformado lamentou a falta de planeamento, com uma disparidade tão grande entre o número de vacinas a inocular e o número de cidadãos convocados para vacinar.
"Chegou a haver umas 500 pessoas na fila, algo não está bem", disse.
Na Universidade Bolivariana da Venezuela, existiam três filas, uma para os maiores de 60 anos, que receberiam a vacina russa Suptnik V e outra para quem tinha até 59 anos de idade, para a chinesa Sinovac. A terceira fila estava composta porque muitos tentaram a sua sorte, mesmo sem terem marcação.
Algumas pessoas diziam que o processo era rápido, tendo em conta a grande quantidade de cidadãos e outras que a cada meia hora eram atendidas umas 20 a 30 pessoas.
"É falta de organização. Tenho que vir novamente amanhã e tenho medo porque as pessoas nas filas não respeitam o distanciamento social. Os militares insistem que usemos as máscaras, mas há pessoas que com o calor não usam sempre", explicou Javier Teixeira, de 50 anos.
A Venezuela iniciou, em 28 de maio, a "vacinação em massa" da população contra a covid-19, em 27 centros adaptados para a imunização.
Além da Universidade Bolivariana da Venezuela, em Caracas, segundo a imprensa local, decorrem jornadas de vacinação no Hotel Alba Caracas, no Hospital Miguel Pérez Carreño, no Hospital de Coche Dr. Miguel Ángel Rangel e na sede da Direção regional de Saúde em San Martín.
Desde março de 2020 que a Venezuela está em quarentena preventiva e atualmente tem um sistema de sete dias de flexibilização seguidos de outros sete dias de confinamento rigoroso.
A imprensa local deu conta da chegada, até agora, de pelo menos três milhões de vacinas da chinesa Sinopharm e da russa Sputnik V.
De acordo com a Federação Médica Venezuelana, são necessários 40 milhões de doses de vacinas.
Entretanto, Caracas anunciou ter adquirido mais de 11 milhões de vacinas contra a covid-19, através da plataforma Covax.
O país contabilizou 2.689 mortes e 238.013 casos da doença, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais.
A organização não-governamental Médicos Unidos da Venezuela indicou que já morreram 602 profissionais de saúde no país.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.714.923 mortos no mundo, resultantes de mais de 172 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Leia Também: AO MINUTO: Itália espera 33 milhões de turistas; Brasil? 3ª vaga preocupa